Nos primeiros meses de 2015 aumentou a onda de violência na cidade de Manaus e no Estado do Amazonas, com o crescimento assustador do número de assaltos e assassinatos. Há uma nítida percepção e sensação de insegurança que assola a vida das pessoas e o medo de ser vítima da violência.
O medo dos usuários do transporte coletivo é diário. Nos primeiros quatro meses do ano, foram quase 400 assaltos dentro dos ônibus. Em 2014 todo, foram 959 casos registrados. No início de maio, motoristas e cobradores de algumas linhas de ônibus da zona leste de Manaus paralisaram suas atividades em protesto pela falta de segurança e dos sucessivos assaltos, com passageiros baleados e feridos. Assaltos à luz do dia. Antes era mais à noite.
O vereador Waldemir José já havia feito um relatório de fiscalização do sistema de transporte onde constatou a partir das denúncias dos passageiros que na maioria dos terminais e nas principais paradas de ônibus não tem policiamento. São assaltos diários nestes locais, principalmente nos horários de 5h às 7h e 17h às 19h.
O mesmo acontece no entorno das escolas. Assaltos e ameaças aos estudantes, funcionários e professores, tanto na entrada quanto no horário de saída. Pior ainda no horário noturno. Algumas escolas sofreram assaltos dentro de suas instalações, e até um arrastão ocorreu em escola no bairro de São José.
Têm alunos mudando de bairro, muitas pessoas traumatizadas e desestabilizadas emocionalmente. Além disso, o tráfico de entorpecentes em frente às escolas intimida até os moradores do entorno das unidades de ensino.
Não escapam nem as Igrejas, católicas, evangélicas e de outros credos. No final de semana, carros em estacionamentos são roubados, templos arrombados e suas instalações espoliadas. Algumas igrejas com grande frequência estão contratando segurança privada.
Na semana passada apresentei Indicações ao Secretário de Segurança Pública, delegado federal Sérgio Fontes, que implante um plano de segurança para o entorno das igrejas e para o sistema de transporte. A Secretaria já respondeu, informando sobre a realização da “Operação Catraca”, intensificando o policiamento em pontos de ônibus e barreiras móveis em todas as zonas da capital.
Mas entendo que a Prefeitura também deva ampliar a presença de guardas municipais nos terminais. Já enviei Indicação para o prefeito.
No entanto, o combate a criminalidade e o combate ao tráfico de drogas exige uma policiamento ostensivo, coordenado e com uma estrutura moderna.
O Programa Ronda no Bairro, implantado em 2012, foi totalmente sucateado e quase desmantelado no governo passado.
O governador Omar Aziz havia contratado a empresa Delta Construção, para alugar as viaturas a serem usadas pelo Ronda no Bairro, no valor de R$ 143 milhões. Ora, a empresa Delta nada entendia de segurança. Era uma empresa de construção civil, de rodovias e ferrovias, envolvida em corrupção e licitações fraudulentas.
Sem manutenção e trocas de veículos danificados, a frota foi decrescendo. No final de 2014 vários “cemitérios” de viaturas foram localizados na cidade, mostrando o descaso do Governo do Estado com a segurança. Esta semana, um policial me abordou e informou que na área que ele atua, que engloba cinco bairros bem populosos, havia seis viaturas e agora tem somente duas atuando no patrulhamento.
Ainda em 2012, juntamente com o deputado federal Praciano e o vereador Waldemir José, entramos com representação junto ao Ministério Público do Estado (MPE) questionando o contrato com a Delta, mas até hoje o MPE não se manifestou sobre o assunto.
Agora, o governador José Melo anunciou que estaria contratando novas empresas para 700 novos veículos. Já entregou 120 e promete os demais para os próximos meses. É preciso que o Governo haja com transparência. Divulgue o nome das empresas e os contratos, com os valores e obrigações.
O orçamento para segurança é bem elevado. Em 2013 o Governador do Estado gastou R$ 1,1 bilhão em segurança. Em 2014 foi R$ 1,4 bilhão. Este ano é possível chegar a R$ 1,5 bilhão. É muito dinheiro. Os valores aplicados na segurança são crescentes, mas a impressão é que o governo está sempre recomeçando. Há necessidade de mais planejamento e continuidade do serviço.
Se o gasto é tão grande, porque a estrutura é tão precária na polícia, tanto civil quanto militar. Muitas delegacias e quartéis estão com estrutura física deteriorada, armamentos antigos e coletes sem validade. Está na hora do governo investir nestas estruturas, modernizando e dando condições melhores para atuação dos policiais em prol da segurança da população.
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