Em 2016, o Governo do Amazonas gastou R$ 1,562 bilhões em segurança. Mas muita gente pergunta: “Onde está a segurança?” É tanto gasto e nada de melhorar a segurança na capital e no interior. Para 2017, a previsão no orçamento estadual é de R$ 1,524 bilhão para segurança. É muito dinheiro. Outro grande investimento foi o Ronda nos Bairros, gastaram-se muitos recursos e acabou em nada.
Como exemplo dessa situação, na semana passada estive em audiência com o Secretário de Segurança do Amazonas, delegado Sérgio Fontes, juntamente com vários padres e comunitários, que apresentaram um relatório dos casos de assaltos, roubos e atos criminosos, em parte, na zona norte de Manaus.
Há muitas denúncias de igrejas roubadas e fiéis assaltados ao saírem das celebrações e cultos. O Padre Rubson, que atua no Piorini, Novo Israel e Terra Nova, diz que a população está sobressaltada diariamente com a violência e que agora atinge também as igrejas, não só católicas, como também evangélicas. O Padre Evanir, que antes atuava no Zumbi dos Palmares, na zona leste, confirma essa preocupação, pedindo um trabalho preventivo, para evitar a ocorrência dos assaltos. Têm igrejas que já foram assaltadas mais de 10 vezes.
Os coordenadores do MCVE (Movimento Comunitário Vida e Esperança), entidade que trabalha na luta pelos direitos das crianças e das mulheres, localizada no bairro de Novo Israel, mostraram no relatório o medo das pessoas nos bairros, pela intensidade de assaltos, que também atingiu a entidade, com o roubo do veículo e com ameaças com arma, à luz do dia.
Esta semana, assim como acontece em outros dias, recebi relato de professores e alunos sobre assaltos nas escolas. Antes eram somente roubos nas instalações, à noite ou final de semana. Agora, assaltantes entram de dia, rendem todos os funcionários, alunos e professores, e roubam seus objetos de valor: celular, carteiras e também os equipamentos das escolas.
É terror, medo, violência, nos arrastões dentro das escolas.
O professor Jonas Araújo fala de assalto na Escola Municipal Arthur Engrácio da Silva, localizada na comunidade do bairro Nova Floresta. Ele diz ter sido uma cena aterrorizante, com os assaltantes apontando armas para os rostos de professores e alunos, ameaçando atirar. Outros foram agredidos e muitos saíram correndo de suas salas de aula desesperados e pedindo ajuda.
Ainda esta semana, alunos da Escola Estadual Deputado Josué Cláudio de Souza procuraram deputados na ALE para entregar relatos dos assaltos na escola e também denunciar a falta de estrutura da delegacia de polícia e a dificuldade de fazer um BO (Boletim de Ocorrência). Por isso, as pessoas precisam se deslocar para bairros distantes em busca de atendimento especializado. Também denunciam a falta de viaturas, que não aparecem quando acionadas.
Esses estudantes estão de parabéns, pois além de denunciar essa situação, ainda propuseram a colocação de câmeras nas escolas, a contratação de vigilantes e a fiscalização na delegacia. É por aí.
A falta de vigilância nas escolas é um problema crônico. A maioria das escolas estaduais na capital está há um ano sem vigilantes, pois eram terceirizados e o governador Melo não contratou outra empresa. E assim ficou. Sem vigilância, as escolas viraram alvo fácil e lucrativo para os assaltantes.
Precisa aumentar o contingente policial e melhorar a estrutura de trabalho. Pela legislação aprovada há poucos anos, aumentariam de 10 mil para 15 mil os policiais militares. Mas as vagas ainda não foram preenchidas, apesar do concurso público realizado em 2011. Esta semana os concursados que estão no cadastro de reserva, estiveram na ALE cobrando a sua nomeação. O governo não deu resposta. Além disso, precisa melhorar os salários e que a legislação de promoções e aumentos salariais seja cumprida. Há muita insatisfação entre os policiais, sejam militares, sejam policiais civis e polícia técnica.
O certo é que o povo está clamando por segurança. No interior é mais gritante, pois a estrutura é precária. Poucos policiais, veículos sucateados, falta combustível, o auxílio moradia congelado há 12 anos, fardamentos e armamentos velhos. É demais.
Na tribuna da ALE chamei atenção para a falta de segurança nas igrejas, nas Escolas, no Sistema de Transporte, na área do Centro e nos bairros. Esse é o clamor do povo. Mais segurança.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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