Que Fifa que nada! Eu quero é ver futebol de primeira.
Blatter prá lá, Del Nero pra cá e Marin acolá, está tudo acertado. O Marin notabilizou-se por fazer o nada ou o tudo errado pelos altos cargos por onde passou. Vejamos sua atuação na vida política e no fim de Vlado Herzog:
“Faço um apelo ao governador do Estado: ou jornalista está errado ou está certo. Essa omissão por parte da Secretaria do Estado e do governador não pode persistir. Mais do que nunca é necessário agir para que a tranquilidade reine novamente nesta Casa e, principalmente, nos lares de São Paulo”.
Sérgio Fleury e seus gorilas agora tinham carta branca para trabalhar. Essa era a mensagem do discurso de Marin. O relógio estava correndo depressa no sentido de abreviar a vida de Herzog.
“Naquele tempo a gente vivia no olho do furacão”, lembra o amigo e colega de Vlado, Paulo Markun. Oito dias depois, Markun foi preso. “Fui torturado e confessei que era membro do Partido Comunista”, disse.
Lavemos as mãos e mudemos de assunto.
Uma aula de futebol dada pela escola que se mantém hegemônica na Europa e no mundo. A filosofia do Pepe Guardiola é de uma simplicidade brutal que faz o Gentil Cardoso sair do São João Baptista e fazer evoluções na Sapucaí. No terceiro e último gol do Barcelona ouvíamos o Gentil gritando: “Quem desloca recebe, quem pede tem preferência”.
O nosso Neymar deslocou e recebeu. Sentiu que não estava bem colocado para chutar e viu o Messi deslocado, passou. Messi recebeu e viu que estava ruim para fazer o gol. Neymar pediu e ganhou o direito de finalizar. Os dois escolheram criteriosamente quem seria o finalizador. Por unanimidade, deu Neymar. O nosso rei não deixou por menos. Acabou com o jogo e com a Juventus. A Juventus sentiu que era impossível continuar por mais um ou dois minutos. O Pepe Guardiola diz, como filosofia, que aprendeu com o Brasil dos grandes craques: “Se você está com a posse da bola, cabe ao adversário retomá-la e só quando estiver com a gorduchinha é que ele irá se articular para atacar. E nós ainda podemos retomá-la e sair em contra-ataque, o que é fatal”.
Os jogadores que estão no Brasil, e certamente não são os melhores, deveriam ver a gravação deste jogaço e aprender que chutão foi abolido do futebol, passe errado é suicídio e cabeçada pra trás é prisão perpétua.
Aos nossos técnicos só peço que não inventem o que já foi inventado pois não têm a menor capacidade de imitar o belo sem mostrar uma profunda dor de cotovelo. Chego a pensar que fui o responsável pelos 7 x 1 que a canalhada levou. Aqueles craques que estiveram em semifinais e final não podem carregar a culpa destes tiranossauros que recebem milhões para levar nossos clubes para o buraco e as novas gerações para a busca de novos mercados onde só a pequena minoria vence e a média perde a juventude por outros continentes, cada vez mais competitivos.
Cantamos umas vinte músicas por Vladimir, Porfírio, Cica e Maestro Ozias para assistirmos o jogo do Campeonato Brasileiro de Futebol da Série Especial. Flamengo x Chapecoense exercitaram-se por trinta minutos e ficamos sem saber qual era o esporte que aquelas duas tribos estavam praticando. O meu neto Felipe disse: “Vovô Fôfo, esse time de preto e vermelho é o Flamengo, o que tu queres fazer eu torcer. Não quero, não. Eu vou torcer pelo Barcelona”.
E eu? Como fico? O Felipe está errado? Se ele tivesse as oportunidades que eu tive aos dez anos, teria um time de tucumã com o nome de Barcelona, Bayern, Juventus ou Real Madrid. O meu era a Portuguesa de Desportos com Félix, Jair Marinho, Luiz Pereira, Edilson, Cacá, Lorico, Uriel, Marinho Peres, Ivair e outros craques de seleção. Eu era Portuguesa porque os mais velhos já tinham escolhido o Santos, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Vasco, Palmeiras, São Paulo, Corinthians e Cruzeiro.
Tadinho de nós!
Roberto Caminha Filho, economista e nacionalino, ficou extasiado com o futebol de Barcelona e Juventus.