SÃO PAULO – Se alguém tivesse me contado que uma empresa não quis contratar uma estudante para a vaga do estágio por ela ser mulher, eu ficaria indignada mas ainda assim seria difícil de acreditar. Hoje eu encontrei com Natália, estudante de 18 anos que me contou algo que me deixou boquiaberta. Em uma entrevista de emprego onde ela possuía todos os pré-requisitos, o responsável pelo estágio a dispensou e o motivo foi bem claro, a vaga era somente para homens.
Além de enfrentar os desafios naturais de nascer mulher num país onde a cultura favorece o homem em todas as formas, ao entrar no mercado de trabalho, ela deve lidar com a dupla jornada, salários menores e ainda tende a ser vista com preconceito ao conquistar um cargo de liderança por engravidar.
Natália é estudante de análise e desenvolvimento de sistemas, viu em um anúncio de vaga de emprego uma oportunidade de começar a sua carreira, mas não foi bem assim. Segundo Natália, mesmo depois de ter explicado que possuía todas as qualificações necessárias para o cargo ela foi dispensada por ser mulher.
“Eu me senti inferior, foi muito desconfortável. Nunca vou esquecer da humilhação que eu passei, parecia que ser mulher é um crime.”
Segundo o levantamento, o emprego formal feminino cresceu 135% nos últimos 20 anos, entretanto a diferença salarial atinge quase 70% de homens e mulheres de 39 anos de idade. Além disso, questões como assédio, preconceito relacionado à maternidade e a questões biológicas de gênero, dificultam a ascensão feminina na economia.
O estudo liderado pelo pesquisador Renato Meirelles, ouviu quase 2000 pessoas (mais de mil mulheres e cerca de 900 homens) e revelou também outros números bem preocupantes sobre a participação feminina no mercado.