MANAUS – Antes de Lula o Brasil era uma maravilha. O dinheiro público era gasto com seriedade, não havia corrupção, os contratos com empreiteiras respeitavam os valores de mercado, propina era uma palavra desconhecida. Certo? Errado!
Depois de Lula, o dinheiro público vem sendo aplicado como manda o figurino, na saúde, na educação, como deveria ser. Esses serviços melhoraram sensivelmente, imitam os de países ricos; as licitações e contratos são feitos com o rigor da Lei 8.666, e propina é coisa de um passado recente. Certo? Errado!
E porque existiu Lula, o Brasil conheceu um tal Jair, que ficou conhecido pelo sobrenome Bolsonaro. “Um homem à frente do seu tempo, que pensa o Brasil como ninguém jamais pensou”; que promete governar com mão de ferro, mas que ficou conhecido por seus posicionamentos contra a união homoafetiva e de desrespeito às mulheres, numa ou noutra fala no Congresso Nacional. Por isso, ganhou o rótulo de homofóbico.
Curiosamente, esses dois personagens, Lula e Bolsonaro, lideram as pesquisas de intenção de voto nas sondagens dos institutos para presidente da República em 2018, enquanto os honestos e politicamente corretos estão abaixo da casa dos dois dígitos.
Por isso, é necessário aniquilar esses adversários. Por isso, os discursos enveredam pelo ataque raso. Não importa a história de cada um. Importa apenas pregar em Lula a pecha de ladrão e em Bolsonaro a de um despreparado psicologicamente e culturalmente para o cargo.
Foi o que fizeram com Marina Silva em 2014, quando ela liderava as pesquisas de intenção de voto, com chances reais de derrotar Dilma Rousseff no segundo turno. Não apenas os adversários, mas a mídia do sudeste, a chamada mídia nacional, liderou um movimento para tirá-la do páreo.
Marina Silva é quem mais se aproxima da dupla que lidera as pesquisas para 2018. Neste fim de semana em Manaus, uma das líderes da Rede Sustentabilidade, Heloísa Helena, fugiu dos discurso anti-Lula e anti-Bolsonaro e reconheceu a necessidade de um debate mais sério sobre o Brasil. E pregou que quanto mais candidatos na disputa, melhor.
Por enquanto, ninguém sabe os que os futuros candidatos pensam para tirar o Brasil da crise econômica, política e moral. Por enquanto, é preciso desqualificar quem está à frente, como se o Brasil dos “perdedores” fosse o melhor dos mundos.
Não é. A corrupção está enraizada na administração pública como um câncer; pouquíssimos órgãos desse corpo chamado Brasil estão livres dos tumores que sangram o dinheiro do contribuinte. Dificilmente uma administração, seja municipal, estadual, federal resiste a uma investigação.
O problema do Brasil é a falta de seriedade das instituições de controle. Há muito se diz que o Ministério Público seleciona seus alvos. Procuradores e promotores gostam de se sentir parte do poder, em muitos cantos do Brasil se tornam aliados do poder, e fecham os olhos para o que os administradores fazem com o dinheiro que não é deles. Os tribunais de contas dispensam comentários. Pela forma de composição, nunca vão responder aos anseios dos contribuintes, mas de quem elege seus membros.
Mas 2018 está próximo e o eleitor será obrigado a escolher um novo presidente, um governador, dois senadores, deputados federais e estaduais. Quem estará preparado e quem poderá ganhar a confiança do eleitorado? O tempo irá dizer.