A menos de 10 dias para encerrar o período das convenções partidárias para as eleições de 2018, momento em que os partidos políticos definem suas estratégias, escolhem nomes, formam coligações e estabelecem alianças, o cenário político ainda está indefinido, tanto em nível nacional quanto em nível local (Amazonas).
Em nível nacional, Lula líder em todas as pesquisas, ganha em todos os cenários, no entanto, segue há mais de 100 dias sendo um preso político. O PT e os movimentos sociais organizam um grande ato de inscrição de sua candidatura para o dia 15 de agosto, em Brasília, reforçando que não existe plano B, o plano é Lula. Enquanto isso, diálogos com o PCdoB e PSB são as prioridades do PT nacional. Entendemos que só Lula poderá recolocar o Brasil nos eixos. Lula é inocente e vai ser nosso presidente!
Por outro lado, nessa última semana (20/07), o chamado “Centrão”, composto pelos partidos PP, DEM, PR, PRB e Solidariedade, confirmaram o apoio formal ao Geraldo Alckmin, o pré-candidato do PSDB à Presidência da República. O “Centrão”, para quem não lembra, é o grupo político que dá sustentação ao governo Temer, que barrou dois pedidos de impeachment contra ele e é a mesma corja de políticos que patrocinou o golpe contra a democracia e contra Dilma em 2016, e que agora coloca todas as suas forças para o candidato tucano. A tendência é que Henrique Meireles, do MDB, pré-candidato à Presidência, saia da disputa e o MDB também apoie Alckmin, transformando-o assim no candidato oficial dos retrocessos que estão acontecendo contra a classe trabalhadora no nosso país.
E por falar de retrocessos, o governo golpista de Temer continua atacando a população mais pobre. Essa semana (23/07), foram cortados cerca de R$ 10 bilhões de programas, como Bolsa Família, aposentadoria por invalidez e auxílio-doença. Essa medida atinge mais de 5,7 milhões de pessoas, 5,2 milhões só com o Bolsa Família e mais 478 mil pessoas aposentadas por invalidez e com auxílios-doença. O desmonte não para.
Segundo o Jornal Folha de São Paulo, além dos cortes na aposentadoria por invalidez, Bolsa Família e auxílio-doença, o Comitê de Monitoramento e Avaliação de Políticas Públicas (Cmap), do Governo Federal, criado em 2016, está fazendo avaliações e está prestes a cortar mais recursos do Fies (Financiamento Estudantil), do seguro defeso (espécie de seguro desemprego temporário do pescador artesanal) e o BPC (Benefício de Prestação Continuada). Com essas ações, deixaram de ser investidos mais de R$ 20 bilhões em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país. Perde os estudantes, perde a educação, perde o meio ambiente e perde os trabalhadores.
Outro grave retrocesso e que pode causar um sério problema para o povo mais pobre do nosso estado e que necessita dos serviços públicos é a proposta do golpista Temer, apoiada pela maioria dos parlamentares do Amazonas no Congresso, de venda da Eletrobrás. Estive ontem (25/07) participando da paralisação de 48 horas contra o leilão de privatização das empresas de distribuição do sistema Eletrobrás. A empresa sendo vendida vai gerar muitas demissões e aumentar o desemprego, será o fim do programa Luz Para Todos e a conta de luz ficará muito mais cara. Sou contra a privatização das empresas públicas brasileiras, sou contra a privatização da Eletrobrás Amazonas Energia.
Em nível local, o jogo político continua o mesmo. O grupo político que governa o estado do Amazonas há quase 36 anos se articula para continuar no poder. A suposta briga ou divergência entre eles é tudo jogo de cena. Eles sempre se reversam para manter seus interesses individuais acima do interesses coletivos. Vale lembrar que Amazonino, cria de Gilberto Mestrinho, ajudou a criar Braga, Alfredo, Omar, Melo e já se aliançou a Arthur. Eles estão todos juntos e misturados.
Na outra ponta, quem continua sofrendo é o povo, que desamparado, clama por melhorias na saúde, segurança, trabalho, educação. Recebo todos os dias em meu gabinete denúncias de problemas na área da saúde. É a demora no atendimento, a longa fila para marcar e fazer exames e cirurgias, a falta de remédio nas unidades e tantos outros. Na segurança, é uma insegurança total. Segundo dados da Secretaria de Segurança do Estado, só nos primeiros seis meses de 2018, ocorreram cerca de 1300 assaltos ao transporte coletivo de Manaus, o equivalente a uma média de 7 assaltos por dia.
Por isso, que a poucos dias das eleições, precisamos estar atentos aos desdobramentos políticos. Têm setores da sociedade que defendem o voto nulo, a abstenção ou o voto em branco como modo de protesto. Eu penso o contrário: acredito que só mudamos a política participando dela, acompanhando quem nós ajudamos a eleger e cobrando posicionamentos corretos. Se não está bom, temos a possibilidade de em quatro anos trocar. A eleição é o grande momento de mudança e somente com a participação podemos mudar esse cenário político atual.
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