SÃO PAULO – Com a violência aumentando e os políticos prometendo ser “salvadores da pátria”, o brasileiro sonha em transformar a política em um filme de fantasia, onde determinado herói salva a cidade dos ataques dos vilões. Acontece que a vida real é diferente. Estamos imersos em um mar de problemas sociais que quase nunca são discutidos, debatidos, dado atenção a eles. É muito fácil pensar em uma solução rápida, um “mito” instantâneo que vai resolver todos os problemas da população. Feito mágica, as “pessoas de bem” vão ter armas nas mãos, os ladrões vão para a cadeia e a justiça brasileira, que nunca funcionou, vai começar a dar certo como nunca. Seria perfeito se não fosse enredo de filmes de heróis baratos do cinema.
A pesquisa “Medo da Violência e Apoio ao Autoritarismo no Brasil” mostra que quanto mais amedrontada a população, maior a sua propensão a apoiar o autoritarismo. Produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estudo explorou o grau de medo da população brasileira; o resultado foi um índice em que zero é a ausência de medo e 1 é o medo de sofrer todos os tipos de violência descritos aos entrevistados; uma média de 0,68. “O medo é estruturante das relações sociais. E, numa conjuntura de muitos crimes e desemprego, as pessoas se sentem inseguras e ameaçadas”, explica o sociólogo Sérgio Adorno, coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP; “O conservadorismo aparece quando elas não confiam que as instituições e políticas vigentes possam lhes trazer segurança”
As eleições de 2018 vão trazer à tona “presidenciáveis” explorando essa fragilidade do sistema de proteção do brasileiro, prometendo salvar a pátria, repetindo a história bem ao estilo “cara de pau” e violenta. Não podemos mais subestimar os políticos que vêm com capa de super heróis e arrastam legiões de fãs e seguidores que cegamente acreditam em uma saída na forma totalitarista de governar.