MANAUS – Quando a Rede Globo começou a anunciar em seus telejornais o quadro “O Brasil que eu quero”, imaginei que o resultado seria outro. De cara, sem analisar muito, considerei a ideia genial, afinal, a maior emissora de televisão do Brasil estava abrindo espaço para os cidadãos dizerem o que queriam e o que pensavam do país.
O resultado tem sido desastroso. O público tem torcido o nariz quando os apresentadores dos telejornais anunciam o quadro. Ficou muito parecido com propaganda eleitoral para vereador e deputado estadual, em tempos de eleições.
Como não há tempo para dizer o que realmente é importante, para argumentar, para expor o problema e pedir a solução, os participantes têm se limitado a desejar “mais saúde”, “mais educação”, “mais segurança”, “um brasil sem corrupção”, entre outros temas mais que batidos nos programas eleitorais de rádio e TV.
Seria oportuno que a Rede Globo se prestasse a um papel mais nobre, e abrisse espaço na programação da TV mais assistida do país para debates sobre os problemas e as soluções, com a participação de representantes da sociedade e de especialistas.
No jornalismo de economia, a emissora se limita a ouvir os representantes de empresas que faturam alto com a alta da taxa Selic e com a inflação. São representantes de fundos de investimento, de bancos privados, de corretoras de seguros, de operadoras de cartão de crédito entre outras. Tudo gente interessada em lucrar a qualquer custo, gente que ganha muito dinheiro com as crises econômicas.
Não há espaço para o debate político com pensadores de peso; não há discussão isenta sobre a economia do Brasil; não se faz uma análise profunda na TV dos problemas como a baixa qualidade da educação; as empresas de planos de saúde, patrocinadoras das TVs, não têm interesse que o sistema público de saúde melhore.
O espaço que a Rede Globo encontrou para discutir o Brasil que queremos dura menos de 2 minutos em cada telejornal. O Brasil que eu quero para o futuro não cabe em dois minutos, muito menos em 15 segundos, o tempo dado a cada eleitor ou telespectador se manifestar.
Cabe informar que as emissoras depende de verbas do governo. E muitos jornalistas tem acordos com alguns governantes e com isso algumas mensagens ou matérias são editadas e em alguns casos são proibidas de divulgação pois prejudicam tais governantes. O Brasil precisa urgentemente acabar com o jeitinho brasileiro e exigir profissionais mais éticos e imparciais.