O juiz Luiz Carlos Valois, da Vara de Execuções Penais, fez um relato do que presenciou no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), na noite de domingo, 1°, e madrugada de segunda-feira, 2. No fim do relato, ele diz: “Nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue…”. Os corpos de 60 presidiários que cumpriam pena no Anísio Jobim foram esquartejados e empilhados nos corredores do presídio. Abaixo, o relato do juiz.
"Resumo do que presenciei: A rebelião começou de tarde, mas eu só soube de noite. Por volta de 22 hs me ligaram da Secretaria de Segurança pedindo minha presença. Vieram me buscar. Chegando lá os presos tinha tomado todo o regime fechado e o semiaberto. Tinham feito um buraco e passavam de um lado para o outro. A polícia tinha cercado o local. A informação era de 6 corpos. Falei com o preso que negociava pelo rádio e disse que falaria com ele pessoalmente. A polícia fez os preparativos de segurança. Dois presos vieram, pedindo apenas que nos comprometêssemos a não fazer transferências, a manter a integridade física e o direito de visitas. Eu disse que iria conversar com os responsáveis pela segurança, mas que só faria isso se eles soltassem três reféns. Eles soltaram. Pedi que eles saíssem do regime semiaberto. Eles saíram. A polícia tomou o semiaberto, bloqueou a passagem. Depois os presos disseram que só iriam entregar os outros reféns às 7 da manhã. Esperou-se. Voltei, falei com o preso de antes, levei um documento dizendo que as autoridades estavam de acordo. Eles entregaram os demais sete reféns funcionários, sem ferimentos. Alguns reféns presos feridos saíram de ambulância. Vi muitos corpos, parecendo que morreram entre 50 a 60 presos (pessoas), mas difícil afirmar, pois muitos estavam esquartejados. Quando a polícia entrou no Complexo, voltei para casa. Nunca vi nada igual na minha vida, aqueles corpos, o sangue... fiquem com Deus!"
O custo de um bandido morto para o estado do Amazonas é zero. O secretário de segurança tem mais é que agradecer .60 vagabundos a menos para atormentar. Polícia boa é a polícia que mata bandidos . Se a Polícia tivesse agido , mais vagabundos teriam morrido. Bandido bom é bandido morto .
Bandido é quem permite que massacres como este aconteçam. A vida, Antônio, não importa de quem seja, deve ser preservada. Além disso, este é um assunto por demais sério para ser tratado de modo tão vil.
Um bandido, diferente do pensado de que ele está atrás das grades, pode se revelar nas atitudes cotidianas, mesmo estando fora delas.