Da Redação
MANAUS – Falar em ressocialização de presos no Brasil sem envolver a família é tão inútil quanto evitar que detentos se matem dentro dos presídios. Os familiares são os principais agentes do acesso a objetos proibidos aos detentos. No sábado e domingo, 12 visitantes tentaram entregar em presídios de Manaus celulares, dinheiro e drogas.
Os familiares atendem pedidos dos parentes presos, que são cooptados por líderes de organizações criminosas ou grupos dominantes dentro das penitenciárias. Seja para fazer parte dessas quadrilhas ou evitarem serem mortos em rebeliões, os presos pagam por salvo conduto e envolvem a família nesse vínculo vicioso.
Na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP), dez pessoas foram detidas com objetos proibidos. No Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), palco do massacre de 56 detentos em janeiro deste ano, foram cinco visitantes. O Centro de Detenção Provisória Masculino (CDPM) registrou quatro casos e as unidades do Centro de Detenção Provisória Feminina (CDPF) e Penitenciária Feminina de Manaus (PFM) registraram uma ocorrência cada. Dos 21 visitantes, seis foram encaminhados a Distritos Integrados de Polícia (DIP’s) para o registro de flagrante.
Os policiais e agentes penitenciários apreenderam sete porções de drogas, entre maconha e cocaína, e três aparelhos celulares. Também foram apreendidos seis chips de celular, quatro cabos USB, três cartelas de medicamento para nutrição capilar, duas baterias de celulares, dois fones de ouvido, um pen drive, um cordão, um cartão de memória e R$ 300.
O flagrante com materiais proibidos não implica em prisão. Os visitantes são fichados na polícia e ficam proibidos de visitar os presos por 30 dias.
Esse foi o maior número de pessoas detidas, de janeiro até o dia 12 deste mês, tentando entrar nos presídios com objetos ilícitos. É um flagrante, também, da insistência dos familiares em atender os parentes presos. Demonstra, ainda, maior envolvimento da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) na fiscalização dos visitantes.
A tentativa de levar celulares e acessórios desses aparelhos aos presos é um indicativo de que, mesmo dentro das penitenciárias, eles buscam manter contato com o crime. “É preciso uma vigilância permanente”, disse o secretário de Administração Penitenciária, Cleitman Coelho.