Da Redação
MANAUS – A liberação para comercialização nos Estados Unidos da Tafenoquina, novo medicamento contra a Malária, que é administrado em dose única, gerou otimismo de que a droga também tenha o registro aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) onde está em análise desde o ano passado. Parte do estudo envolvendo o novo medicamento foi desenvolvida na Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), vinculada à Susam (Secretaria de Estado de Saúde).
O estudo, que envolveu instituições internacionais, foi realizado entre 2015 e 2016. Os resultados atestaram a redução do tempo de tratamento da Malária. Em 66% dos pacientes que fizeram uso do medicamento, não houve recaída da doença.
O diretor de Pesquisa e Ensino da FMT-HVD, Wuelton Monteiro, disse que, na época em que foi feito o pedido de registro da Tafenoquina no Food and Drug Administration (FDA), órgão responsável por regular os medicamentos no território americano, também foi feito na Anvisa, no Brasil. “Estamos aguardando o parecer da Anvisa. A Tafenoquina só pode ser comercializada no Brasil se a agência autorizar. A aprovação nos Estados Unidos nos deixa otimistas, porque indica que a droga realmente funciona e é segura para os pacientes”, disse Monteito.
No Brasil, os estudos com a droga foram desenvolvidos na FMT e na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de Porto Velho. Internacionalmente, a pesquisa envolveu instituições da Indonésia, Tanzânia, Peru e Tailândia. Os resultados da pesquisa foram apresentados em junho do ano passado, durante a “6ª Conferência Internacional sobre Pesquisa de Plasmodium vivax”, evento realizado em Manaus, sob a coordenação da FMT.
Wuelton Moteiro explica que a Tafenoquina é para tratar a Malária causada pelo parasita Plasmodium vivax, transmitido pela picada de mosquitos contaminados, sendo o tipo mais recorrente no Brasil, representando cerca de 90% dos casos. A doença, caso o paciente não conclua todo o tratamento indicado, pode voltar. O abandono do tratamento é hoje o principal problema, dizem os pesquisadores.
O novo medicamento, explica o diretor de Pesquisa e Ensino da FMT, vai ajudar a combater esse problema, ao diminuir o tempo de tratamento de 14 a 3 dias. Atualmente, conforme ele, o tratamento da Malária é feito com a terapia combinada de dois antimaláricos – Cloroquina, administrada durante 3 dias, e a Primaquina, que é entre 7 e 14 dias. A Tafenoquina vai substituir o medicamento cujo período de tratamento é maior, e passa a ser administrada em dose única, que pode ser tomada ainda na unidade de saúde, sob a supervisão da equipe médica. “Com isso, o tratamento completo, que dura até 14 dias, vai ser feito em 3, que é o período que a Cloroquina é administrada. Isso é um avanço muito importante e deve contribuir significativamente na adesão ao tratamento”, apontou.
O estudo com a nova droga foi coordenado pelas empresas Medicines for Malaria Venture (MMV) e Glaxo Smith Kline (GSK), e financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates.