Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – O grupo Aegea, que vai assumir o comando do serviço de abastecimento de água e esgotamento sanitário em Manaus, deve manter a direção da Manaus Ambiental. Um dos diretores convidados para trabalhar pela nova concessionária é Arlindo Sales.
A contratação de Arlindo só depende da conclusão do processo de compra da Manaus Ambiental pela Aegea. “Estamos aguardando o fechamento desse processo, que deve durar uns 60 dias. Há um convite da própria Aegea de nós permanecermos atuando na cidade de Manaus”, disse o diretor da Manaus Ambiental.
Na sexta-feira, 2, o prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB) convocou a imprensa para apresentar os representantes da Aegea. Na ocasião, o grupo tornou público o interesse em adquirir o comando acionário da Manaus Ambiental e consequentemente o contrato de concessão de prestação de serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário da cidade.
Anuência
Durante a coletiva, o prefeito adiantou que autorizará o negócio entre as empresas. Por lei, a venda de uma concessionária não pode ser fechada sem a anuência do Poder Executivo, que é o poder concedente. “Eu confio que está sendo feito um bom negócio”, disse Arthur.
Oficialmente, a autorização do município para o negócio entre as empresas é dada após uma análise realizada pela Procuradoria Geral do Município, o que já está em curso.
Em entrevista ao ATUAL, Arlindo Sales disse que um dos principais desafios do novo grupo é aumentar a cobertura de esgoto na cidade. A Manaus Ambiental tem se queixado da falta de adesão dos moradores à rede de esgoto instalada pela concessionária.
Adesão
Segundo a empresa, a rede já passa na frente da casa de 400 mil pessoas em Manaus, mas somente a metade desse número aderiu à rede da concessionária. De acordo com a Manaus Ambiental, a rede de esgotamento sanitário instalada já oferece uma cobertura de 20% da população da capital amazonense.
“Manaus já tem uma universalização na água. Precisa dessa alavancagem maior no esgotamento sanitário. Temos um desafio muito grande de expandir o sistema de coleta de esgoto, com a participação da população na adesão [à rede]”, declarou Arlindo.
O contrato de concessão de prestação de serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário em Manaus vence em 2045. No seu site, a Manaus Ambiental informa que nesse período seriam necessários investimentos na casa de R$ 3,4 bilhões – R$ 2,2 bilhões somente na universalização dos serviços de esgotamento.
A meta original do contrato para se chegar a 90% da população com cobertura de esgotamento sanitário era o ano de 2045. Na gestão de Arthur, a empresa concordou em reduzir esse prazo para o ano de 2030. Para operar em Manaus, a Aegea é obrigada a assumir todas as obrigações da Manaus Ambiental.
A seguir, trechos da entrevista de Arlindo Sales ao ATUAL:
ATUAL – Que avaliação o sr. faz da qualidade do serviço que a Manaus Ambiental está passando para a Aegea?
Arlindo Sales – O [grupo] Manaus Ambiental vem se fortalecendo ao longo dos anos com grandes aportes de financiamento através do BNDES para vencer o desafio que é universalizar o saneamento da cidade de Manaus. É uma cidade que tem o crescimento populacional muito elevado, muito maior de que qualquer outra cidade brasileira, e esse crescimento requer um planejamento de médio e longo prazo, com investimentos e aportes de recursos significativos. Acho que a Manaus Ambiental hoje já tem uma universalização na água, elaborada nesses últimos 18 anos, e precisa dessa alavancagem maior no esgotamento sanitário, que temos ainda 20% [de cobertura]. Temos um desafio muito grande de expandir o sistema de coleta de esgoto, com a participação da população na adesão [à rede]. A mudança no comando acionário do grupo Manaus Ambiental, pela expertise que o novo grupo tem, com relação à operação de novos sistemas, e também com aporte financeiro muito maior, Manaus vai ganhar mais velocidade na implantação de seus investimentos. Acredito que a vinda da Aegea para Manaus vai trazer uma dinâmica diferente na operação, na qualidade do serviço e na universalização do sistema de esgotamento sanitário.
ATUAL – A Solví e a Águas do Brasil [empresas que compõem a Manaus Ambiental] continuam em Manaus?
Arlindo Sales – Não. Elas têm suas operações em outros estados. Não farão mais parte da operação da Manaus Ambiental e cuidarão de suas operações em outras concessões, em outros estados brasileiros.
ATUAL – Do ponto de vista financeiro, Manaus ficou inviável para estas duas empresas?
Arlindo Sales – Não. Foi oportunidade de negócio. A Solví está se fortalecendo no seguimento de resíduo, está concentrando seus esforços na área de resíduo. E o grupo Águas do Brasil está se capitalizando para investimentos nas suas concessões. Foi uma oportunidade de negócio que surgiu.
ATUAL – O sr. atuará aonde agora?
Arlindo Sales – Nós estamos aguardando o fechamento desse processo [de compra da Manaus Ambiental]. Há um convite da própria Aegea de nós permanecermos atuando na cidade. Vamos aguardar os próximos movimentos.