Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – A temperatura das articulações de bastidores para a escolha do 22º desembargador do TJAM (Tribunal de Justiça do Amazonas) não baixou nem mesmo no feriado prolongado de Carnaval. Tempo e padrinhos políticos justificam o frisson em torno da vaga reservada aos membros do MP-AM (Ministério Público do Amazonas). A escolha ficou imprensada pelo feriado e a nova peneira entre os candidatos, que deve ocorrer na próxima terça-feira, 7, às 9h, quando o TJAM define a lista tríplice a ser encaminhada ao governador José Melo (Pros). A votação entre os 21 desembargadores é determinante porque o desempenho em votos e em colocação na lista impõem constrangimento para a escolha que cabe ao governador.
Caso opte por não confrontar e constranger a escolha do Judiciário, José Melo deve indicar para a vaga o primeiro da lista. Desta maneira, prestigiaria o colegiado do tribunal e sairia como democrata. Este panorama aponta que a temperatura mais alta para a escolha do 22° desembargador se dará mesmo no TJAM.
A última vez que membros do MP-AM entraram na disputa por uma vaga de desembargador, há cerca de 13 anos, Eduardo Braga (PMDB) era o governador e escolheu a segunda colocada da lista, a desembargadora Socorro Guedes. O mais votado pelos desembargadores foi o procurador Vicente Cruz.
Fábio Monteiro
O atual procurador-geral de Justiça, Fábio Braga Monteiro, é apontado como nome forte à vaga pelo destaque proporcionado ao nome dele em função do cargo, porém Fábio já foi surpreendido pela votação interna abaixo do esperado pelos membros do MP. Eleito com mais de cem votos em recente escolha para procurador-geral, Fábio recebeu apenas 28 votos para a indicação a desembargador. Dois a menos que o segundo colocado. Isso diminui um eventual constrangimento do TJAM e do governador de não o escolher como indicado para vaga. O que seria mais complicado caso ele tivesse recebido votação expressiva no MP.
Conta a favor de Fábio Monteiro o fato de ter sido duas vezes nomeado para o cargo de chefe do MP-AM pelo governador José Melo. Fábio é sobrinho do “eterno” secretário de Cultura Robério Braga e primo do João Braga, conhecido como Braguinha, secretário extraordinário de José Melo.
Hamilton Saraiva
Apesar de não ser um nome com destaque na imprensa, as informações de bastidores são de que Hamilton Saraiva conta com o apoio do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Mauro Campbell, personagem com trânsito tanto no governo quanto no Judiciário. Os próprios componentes da lista estão de olho na força do apadrinhamento de Hamilton e comentam com interlocutores que o ministro aposta muitas fichas na nomeação do amigo. Entre os juristas, Hamilton aparece como verdadeiro favorito, considerando apenas a política interna do meio jurídico. Indicam que Campbell, por pertencer a tribunais superiores, está em alta do TJAM. O ponto negativo de Hamilton é justamente o que ele tem de vantagem. Campbel ainda é visto, inclusive pela imprensa nacional, como nome ligado ao senador Eduardo Braga (PMDB), o que pode desagradar a José Melo, a quem cabe o veredicto da vaga. Entre os membros do TJAM, Campbel também é visto pela amizade com o desembargador João Simões, que no TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas) já votou duas vezes pela cassação de José Melo.
Antonina Couto Valle
Considerada a grande surpresa na eleição interna do MP-AM, Antonina Valle é outro nome desconhecido na imprensa, mas tem a seu favor a tradição familiar. O pai dela, Fábio do Couto Valle, exerceu o cargo de desembargador.
Francisco Cruz
O ex-procurador-geral de Justiça Francisco Cruz é outro nome forte. Isso porque, assim como Fábio Monteiro, foi escolhido para comandar o MP-AM por duas vezes, na gestão Omar Aziz (PSD). Cruz é amigo pessoal do governador Melo e foi sinalizado como homem de sua confiança ao ser nomeado, no início do segundo mandato, para o cargo de secretário extraordinário de Relações Institucionais do governo. Mostra da proximidade entre Cruz e Melo ocorreu quando o procurador ainda exercia o cargo de procurador-geral, embora em fim de mandato, e foi convidado a assumir o cargo de secretário de Governo. A renúncia do cargo de procurador geral para assumir como secretário foi vetada pelo Conselho Superior do MP e Cruz esperou o mandato acabar para assumir o cargo no governo. O que foi conveniente porque, no momento do convite, Melo não era apontado como favorito nas pesquisas eleitorais.
Jussara e Stélio
A procuradora Jussara Pordeus é conhecida por ser figura de grande circulação social e tem simpatia da primeira-dama do Estado, Edilene Gomes de Oliveira. O promotor Paulo Stélio não exibe articulações políticas e tem dado preferência a movimentos silenciosos nesta disputa.