Ao analisar a “sacudida” que o Brasil sofreu nos últimos dez dias com a greve dos caminhoneiros, manifestações, prejuízos gigantescos para o setor agropecuário, escassez de alimentos, altas dos preços, falta de combustível, aeroportos paralisados, observa-se a imensa força das mídias sociais na explosão das mobilizações.
A notícia não é mais monopólio dos meios de comunicação tradicionais, como jornais, rádios e TV. A guerra de informações das redes sociais, assim como aconteceu durante a paralisação dos caminhoneiros, será observada também no período eleitoral que se avizinha e colocará alguns políticos em situação desconfortável.
Quanto à paralisação, a força do monopólio da Petrobras nos combustíveis é imensurável, apesar de todo o desvio descoberto pela Lava Jato, bem como dos investimentos temerários realizados, como a Refinaria de Pasadena e outros desvios ainda não descobertos. Mesmo assim, em curto espaço de tempo, seja pelo custo da política de preços praticada e pela exploração da população brasileira, a Petrobras reergueu-se, obteve resultados positivos e beneficiou diretamente os grandes investidores.
A política de preço da Petrobras é onerosa demais em comparação ao preço praticado pelos países não produtores de petróleo. Algo está muito errado!
No ano de 2017, o brasileiro sofreu com 116 reajustes nos preços da gasolina e óleo diesel, isto é, mais de nove vezes ao mês, de modo que pode ser configurada a prática do enriquecimento ilícito à custa do nosso trabalho. Porém, a pergunta mais importante não foi respondida, nem pela Petrobras, nem pelo Governo Federal: Como é calculado o preço dos combustíveis?
Dados do Banco Mundial informam que 57,3% do preço da gasolina compõem-se de tributos, assim como esses tributos respondem por 45.81% da tarifa de energia elétrica e 47,87% da tarifa de telecomunicações, que, em função do desconhecimento da população e da falta de transparência, passam, às vezes, despercebidas pelo pagador do imposto, já que sua base de cálculo é ampla e cada elevação é repassada ao consumidor. Essas cargas tributárias absurdas, incluídas nos preços da gasolina e das tarifas de energia elétrica e de telecomunicações impactam a vida de todos nós e fazem com que os preços disparem em relação a vários produtos, como bebidas, escolas, cesta básica, transportes, entre outros.
A prioridade do Poder Público tem sido aumentar a carga tributária, reduzir investimento e inchar a máquina pública e, assim, somente nos últimos trinta anos, a carga tributária nacional saltou do equivalente a 24% do PIB para 34%.
Temos, assim, uma das maiores cargas de tributos do Planeta, com os piores serviços prestados e um dos maiores desvios de dinheiro público já descoberto.
Com o aumento das despesas públicas desnecessárias, alguns setores são, talvez propositadamente, prejudicados, como a educação e cujo o resultado é um Brasil com cerca de 11,8 milhões de analfabetos, o que corresponde a 7,2% da população de 15 anos ou mais. Os dados, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) e referem-se ao ano de 2016.
Está na falta de educação de qualidade o nascedouro de todas as nossas mazelas e muitos políticos exploram essa deficiência para transformar as contas públicas em privadas.
Novos ventos estão soprando, ventos da mudança e, com certeza, após tanto sofrer, o brasileiro percebe, aos poucos, a força que tem e aprende de onde sai o dinheiro que financia a farra da corrupção, como a frase que dá título a uma das obras do professor Milton Friedman, ganhador do Prêmio Nobel de Economia de 1976, para desmentir a máxima de que o governo pode gastar à vontade sem que alguém tenha de pagar por isso “NÃO EXISTE ALMOÇO GRÁTIS”.
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