MANAUS – Sempre o vi como um homem rude, áspero, de hábitos pouco polidos. Jair Bolsonaro, como ele mesmo diz, sempre foi do baixo clero no Congresso Nacional – o grupo de deputados não influi nem contribui com o debate e as decisões do Poder Legislativo. Ascendeu em 2015, quando o movimento Fora Dilma e Fora PT começou a ganhar corpo. No meio da multidão, pessoas ou grupos isolados chamavam a atenção com o pedido de volta dos militares ao poder. Foi aí que Bolsonaro encontrou uma fresta para por a cabeça de fora.
Aliada à defesa dos militares, o deputado federal do baixo clero começou a adicionar ingredientes ao discurso que agrada a uma parcela significativa da população, desesperada e desesperançada com a política ou defensora de ideias racistas, xenófobas e discriminatórias. Aquela gente odeia os “direitos humanos” por pura ignorância. A estratégia deu muito certo.
Tenho dito a quem se dispõe ao diálogo que nada disso vai mudar no Brasil com Bolsonaro ou com outro candidato eleito. E não é por ele defender essas ideias que vejo Bolsonaro como um péssimo candidato.
Li o programa de governo do candidato Jair Bolsonaro. Ele já disse que não foi obra dele, mas de uma equipe que tem à frente o economista Paulo Guedes. Duvido que o candidato tenha lido. A maioria dos temas é apresentada de forma genérica. Mas as propostas para a economia estão claras, cristalinas.
O que Paulo Guedes defende é vender todas as riquezas do Brasil ao capital externo, aos países ricos. É a manutenção do plano iniciado por Michel Temer, que já começou a vender o tesouro do pré-sal para as petrolíferas multinacionais. Veja que contradição: o Brasil descobre que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo e quando esse petróleo começa a ser explorado, o povo brasileiro passa a pagar a gasolina mais cara das Américas.
A entrega ao capital privado internacional de empresas estratégicas como as dos setores de energia, comunicações e aviação é um golpe de misericórdia a uma sociedade que tenta encontrar uma luz no fim do túnel para sair das trevas.
Portanto, o eleitor não deve se preocupar com as picuinhas das ideias malucas que Bolsonaro defende, mas com as ideias que ele não consegue defender, porque não as conhece. Nem ele nem o eleitorado fanático que abraçou sua candidatura.
Claro, Bolsonaro não está sozinho na defesa dos ideais entreguistas. Essa defesa é de uma dita direita ou extrema direita que prega a prosperidade pelo liberalismo econômico, o livre mercado. Na teoria, o liberalismo é o melhor dos mundos. Na prática, o Brasil, com a desigualdade social agravada nos últimos anos, não conseguirá avançar sem sacrificar ainda mais a população mais pobre.
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“NADA CONTRA BOLSONARO, SÓ NÃO QUERO PRESIDENTE DO BRASIL” e esqueceu de informar que vai ajudar a eleger HADDAD COMO PRESIDENTE E COLOCAR O PT DE VOLTA NO PODER. Parabéns, realmente a direita burra vai trazer o PT DE VOLTA AO PODER.