Do Estadão Conteúdo
SÃO PAULO – O cantor francês Charles Aznavour morreu aos 94 anos, informaram nesta segunda-feira, 1º, jornais locais na França. Dono de uma carreira com números superlativos, ele compôs mais de mil músicas, gravou mais de 100 álbuns, vendeu 200 milhões de discos e fez mais de 60 filmes.
Chamado de ‘Frank Sinatra da França’, o artista de ascendência armênia nasceu numa família de artistas em 22 de maio de 1924. Aos 9 anos, já estava atuando no palco. Chamava-se, então, Shanour Vaginagh Aznavourian. Tinha uma bela voz, mas talvez não se tivesse tornado mito sem a ajuda de uma madrinha.
Na verdade, de uma amante. A lendária Edith Piaf ouviu-o cantar, sentiu-se arrebatada por sua virilidade e o integrou ao seu show levando-o em turnê pela França, até os EUA.
Rebatizado Charles Aznavour, tornou-se o cantor e compositor do amor. Poliglota, cantou – e compôs – os próprios sucessos em várias línguas. ‘Que c’Est Triste Venise’, ou ‘Com’è Triste Venezia’, ‘How Sad Venice Can Be’. ‘Elle/She’. E muitas outras.
Sua amizade com outros artistas rendeu parcerias. Elvis Costello fez uma versão de ‘She’ para a comédia romântica ‘Um Lugar Chamado Nothing Hill’. Plácido Domingo gravou a versão de Aznavour para ‘Ave Maria’. E cantaram com ele Fred Astaire, Bing Crosby, Ray Charles e Liza Minnelli.
Apesar da pequena estatura, 1m60, era um gigante no palco. O mito ultrapassou-o e, no Japão, como Char Aznable, virou personagem de uma famosa animé de ficção científica, ‘Mobile Suit Guindam’. No cinema, fez um pequeno papel em ‘O Testamento de Orfeu’, de Jean Cocteau, e estrelou ‘Atirem no Pianista’, policial de François Truffaut adaptado do escritor David Goodis, ambos em 1960.
No mesmo ano, ‘A Passagem do Reno’, de André Cayatte, venceu o Leão de Ouro em Veneza, derrotando Rocco e Seus Irmãos, de Luchino Visconti. Outros filmes importantes: ‘Thomas l’Imposteur’, de Georges Franju; ‘Vidas em Jogo/Folies Bourgeoises’, de Claude Chabrol; ‘O Tambor’, de Volker Schlondoreff; e ‘Ararat’, de Atom Egoyan.
Aznavour foi sempre ligado ao Canadá e à causa de Quebec Livre. Tem a ver com sua origem armênia. Em 1988, quando um grande terremoto destruiu Erevan, criou a Fundação Aznavour para a Armênia. Tornou-se embaixador honorário do país. Recebeu a Legion d’Honneur na França, o título de Herói Honorário da Armêrnia e o MIDEM Lifetime Achievement Award.
Recebeu também o Leão de Ouro honorário em Veneza pela trilha de ‘Morrer de Amor’ (de André Cayatte), um César (Oscar francês) honorário e o prêmio de carreira do Festival do Cairo. Apresentou-se diversas vezes no Brasil.