Da Redação
O novo secretário da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária), Cleitman Rabelo, que foi nomeado hoje para o cargo, afirmou agora há tarde em coletiva à imprensa que sua missão no sistema penitenciário será impor disciplina e evitar que objetos ilegais entrem nos presídios.
“Vamos fazer uma fiscalização séria e minimizar até o ponto de não permitir que nada ilegal entre nos presídios (…) Minha formação é militar e o militar preza pela disciplina. Vamos prezar pela disciplina no sistema penitenciário”, declarou.
Questionado se na gestão deles os presos teriam festas de final de ano e como evitar situações como as flagradas em imagens capturadas na véspera do massacre de 56 presos no Compaj com pernoite de fora da prisão autorizado pela Seap, Rabelo respondeu: “É muito fácil. Vamos seguir a lei de execuções penais. Vamos dar aos presos o que está previsto em lei. E nada mais que isso. A fiscalização vai sempre ocorrer (…) Não queria entrar no mérito desta questão. O que não é de previsão legal, não vai existir”, afirmou.
O secretário da SSP (Secretaria de Estado de Segurança Pública), Sérgio Fontes, afirmou que a principal missão do novo secretário da Seap é retomar o comando dos presídios para o Estado. “A missão dele é a retomada da disciplina no sistema prisional. Esses presos precisam saber que o Estado está no comando dos presídios. Esse é o foco principal”, disse.
Fontes afirmou que Cleitman Rabelo tem um reforço no início de sua gestão que é a equipe do Depen (Departamento Penitenciário Nacional). “Equipe do Depen para auxiliar o Coronel Cleitman. Essa equipe está aqui e será valiosa na administração dele”, disse.
Vidal Pessoa é preocupação
Sérgio Fontes e Cleitman Rabelo afirmaram que as equipes do sistema penitenciário e de segurança estão trabalhando para que os presídios voltem à estabilidade e que a principal preocupação neste momento era a Cadeia Pública Vidal Pessoa.
“A Cadeia Pública é uma coisa que nos preocupa. Situação lá é realmente muito ruim. Chegaram colchões novos. Aceitem as obras que estão sendo feitas para ficarem em melhor condição”, disse Fontes
Cleitman afirmou que Vidal é “calcanhar de aquiles” da Seap. “A Vidal é hoje nosso calcanhar de aquiles. Conheço as condições. Vou sair daqui agora e vou lá. Dizer para os presos que estamos qui para trabalhar pelo sistema. Pensar em medidas que possam atender essas reivindicações. Nós somos humanos, querem a família, visitas… Hoje chegaram 200 colchões novos”, disse.
Umanizzare
Sérgio Fontes afirmou que o Governo do Amazonas avalia retirar a empresa Umanizzare, responsável pela administração de cinco presídios em Manaus. O secretário disse que, no entanto, essa não é uma mudança possível de ser feita de uma hora para a outra.
“Precisa de um período mínimo para uma nova licitação. Essa mudança não tem como ser efetuada de uma hora para outra”, disse.
Fontes afirmou que o problema não pode ser atribuído apenas a Umanizzare. Destacou que na rebelião nada em relação às condições de tratamento e alimentação foi alvo de reclamação. O secretário voltou a sustentar que o massacre é resultado de uma guerra de facções dentro da Compaj com o objetivo de matar os membros da facção adversária.
Contagem errada de foragidos
Sérgio Fontes afirmou que a SSP trabalhava na busca de foragidos com os dados repassados pela Seap e que os dados desta semana atualizando de 178 para 225 foram fornecidos pela PM-AM (Polícia Militar do Amazonas). “A primeira contagem foi feita pela Umanizzare. Outra contagem e feita pela PM deu essa diferença a mais”, disse.
Novas transferências
Sérgio Fontes afirmou que novas transferências para presídios federais devem ocorrer com o andamento das investigações sobre as rebeliões que levaram ao assassinato de 64 presos em três presídios em Manaus. As investigações tentam identificar os líderes que comandaram o massacre. Dezessete detentos foram transferidos nesta terça-feira. O secretário não apontou o número de presos que devem ser levados para presídios federais.
Segurança nas ruas
O secretário da SSP disse que compreende a preocupação da população de Manaus depois de ter vivenciado o massacre dos presos no Compaj com acesso a cenas tão fortes. Fontes afirmou que, no entanto, nas ruas não há registros anormais que justifiquem pânico por parte das pessoas.
Ele acrescentou que, com o reforço da Força Nacional e dos policiais que estavam em áreas administrativas do Estado, as ruas da cidade ganham pelo menos 600 policiais a mais para garantir a segurança pública e a recaptura dos 148 detentos que ainda estão foragidos desde o massacre de detentos no dia 1º de janeiro.
“Com a força nacional e policiais das áreas administrativa não essenciais, a força tática e outras polícias especializadas vamos aumentar muito o número recapturas agora. O sistema deu uma estabilizada”
Sem renúncia na SSP
Questionado se ia renunciar ao cargo, Sérgio Fontes disse que ainda tinha o que contribuir. “Eu ainda acho que posso colaborar. É possível. A criminalidade fora dos presídios, os crimes não estão a mais. Estão no mesmo nível. Não temos grandes motivos reais para ter pânico”, disse.