Por Allan Gomes, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – Em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, 10, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) falou como pré-candidato à Presidência da República. Apesar de condicionar uma possível candidatura em 2018 a uma legenda que lhe dê espaço, Bolsonaro já fala e tem agenda típica de campanha. Em visita à capital amazonense por ocasião da homenagem do deputado estadual Platiny Soares (PV-AM), o deputado fluminense aproveitou os dois dias para cumprir uma série de atividades, incluindo palestra sobre a conjuntura política atual, em atitude incomum para homenageados com a Ordem do Mérito Legislativo da ALE-AM.
Disposto a falar sobre qualquer tema, o deputado federal parecia “jogar para a plateia”, visto que eventualmente disparava uma de suas frases polêmicas e era aplaudido por admiradores que lotavam a sala. Sobre demarcação de terras indígenas, Bolsonaro disse é prejudicial para o país porque “eles têm tudo para se tornar independentes. Tem língua, tem povo, tem território, algumas nações têm até hino”. Na visão do deputado federal, a política para as populações indígenas do país deve voltar ao modelo anterior à Constituição de 1988, que buscava a “integração” dos povos indígenas.
Ainda na questão Amazônia, o deputado Platiny, também presente na coletiva, “levantou a bola” para Bolsonaro sobre a BR-319: “A ex-ministra Marina Silva ofende o Amazonas sempre que vem aqui e alega que a BR-319 não tem viabilidade econômica, social e ambiental”, no que foi complementado pelo deputado federal: “O país precisa de um ministro do ambiente sério, que ajude a resolver as coisas, que leve o país pra frente”.
Discurso
Bolsonaro não abriu mão de teorias conspiratórias e de citar termos como “Foro de São Paulo”, “Corredor Triplo A” e alegadas fraudes nas urnas eletrônicas nas eleições brasileiras. Questionado pelo fato de as urnas que garantiram a eleição Dilma Rousseff serem as mesmas que elegem a família Bolsonaro, o deputado desconversou alegando que suas votações não têm como serem fraudadas pois ele têm recebido um número crescente ao longo de sua carreira política.
Visivelmente consciente do potencial polêmico de cada declaração, Jair Bolsonaro buscava, mesmo quando não era questionado, discorrer sobre os temas em que já tem histórico de polêmica. “Alegaram que sou racista, isso é mentira, eu sou contra cotas, são políticas que o governo usa para dividir o povo: negros contra brancos, ricos contra pobres, Norte contra Sul”.
Durante a coletiva, Bolsonaro chegou a instigar os profissionais presentes: “Vamos, gente, os jornais daqui não falaram que eu era racista? Vamos discutir qualquer assunto, podem perguntar”, em referência a uma matéria publicada na semana passada em Manaus.
Candidatura 2018
Já com forte mobilização nas redes sociais, o movimento da ala conservadora do espectro político no país tem levantado a ideia de uma possível candidatura de Jair Bolsonaro para presidente em 2018. Ao ser questionado se já estava em pré-campanha, o deputado riu e afirmou que não tinha como já estar em campanha e que as despesas de sua viagem estava sendo pagas pelo gabinete do deputado Platiny.
Bolsonaro tem assumido um tom cauteloso ao falar sobre a possibilidade da candidatura. “Eu estou namorando o PSC, já é quase um noivado, mas meu ponto é que se em 2018 eu tiver pelo menos 10% das intenções de voto, a legenda é minha”.
Bolsonaro tem tecido críticas duras a seu atual partido, o PP, por conta da imensa participação no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela ‘Lava Jato’, e por isso alega a necessidade de mudar de legenda. Ele disse que aguarda apenas a promulgação da lei da reforma política que permite um prazo maior para a troca de legendas sem a perda de mandato.