Por Valmir Lima, da Redação
MANAUS – Depois da novela que durou mais de 13 anos, a Ponte do Pêra, em Coari, finalmente ficou pronta no ano passado, mas ainda continua a gerar polêmica. Na quinta-feira, 16, o governador José Melo fez a reinauguração da ponte e substituiu a placa de inauguração do ano passado, que tinha o nome do então prefeito Raimundo Magalhães, por uma placa nova com o nome do atual prefeito, Adail Filho. A placa também ganhou nova data de inauguração, retirando da história da ponte a gestão de Magalhães.
A ponte foi inaugurada no dia 13 de outubro pelo secretário de Infraestrutura do Estado, Américo Gorayeb, num evento melancólico, depois da derrota de Raimundo Magalhães nas urnas (ele concorreu à reeleição, mas levou uma lavagem nas urnas para Adail Filho). A inauguração da ponte foi marcada para antes da eleição, no dia 1° de outubro, mas a Justiça Eleitoral suspendeu o evento, por considerar que ele beneficiaria o candidato Raimundo Magalhães, que tinha o apoio do governador José Melo. Por conta da suspensão, a ponte só foi inaugurada dez dias depois da eleição municipal.
Na placa antiga, de acordo com o ex-procurador-geral do Município Coari, Fábio Amorim, estava o nome do prefeito Raimundo Magalhães. “A ponte foi inaugurada no ano passado. Eu não posso dizer se foi trocado o nome do prefeito agora, mas na placa estada o nome do prefeito Magalhães”, disse.
Na festa da segunda inauguração ou reinauguração, o governador José Melo desfilou ao lado do prefeito Adail Filho, do deputado estadual Belarmino Lins (Pros) e do secretário de Esporte do Estado, Fabrício Lima.
Histórico
A obra de construção da Ponte do Pêra foi prometida na campanha de 2002 pelo então candidato ao governo do Estado Eduardo Braga – que se elegeu pelo PPS naquele ano; nada foi feito nos quatro anos seguintes. Em 2006, quando concorreu à reeleição, Braga fez uma nova promessa de construir a ponte. Até deixar o governo, em abril de 2010, nem licitação para a obra deixou.
O sucessor de Braga, Omar Aziz (atualmente no PSD), assumiu o compromisso com os eleitores de Coari, na campanha de 2010, quando concorreu à reeleição. Só em 2013, a licitação foi realizada, e Omar lançou a pedra fundamental da ponte. Era para ser construída em sete meses.
Passados dois anos, a obra da ponte virou um escândalo, denunciado pelo então secretário de Infraestrutura, Gilberto de Deus, que deixou o cargo menos de um mês depois de assumi-lo. Gilberto mostrou à imprensa documentos que revelavam o pagamento de R$ 9 milhões, mas uma vistoria da Seinfra mostrava que o valor dos serviços realizados não chegavam a R$ 1,5 milhão.
A obra foi licitada por R$ 11,2 milhões, o contrato recebeu aditivo de 2,7 milhões em 2014, chegando a R$ 13,9 milhões. A empresa responsável pela obra, a MCW Construções Comércio e Terraplanagem Ltda., que recebeu cerca de R$ 7,5 milhões sem que tivesse prestado o serviço, foi acionada pelo governo Melo para tocar a obra depois das denúncias de Gilberto de Deus.