Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – A Polícia Federal identificou uma doação de R$ 600 mil à campanha eleitoral do governador do Distrito Federal (DF), Rodrigo Rollemberg (PSB), feita pelo médico Mouhamad Moustafa, considerado líder de grupo que desviou mais de R$ 110 milhões em contratos de serviços na saúde pública no Amazonas desbaratado pela Operação ‘Maus Caminhos’, em setembro de 2016. Em relatório da investigação da Operação ‘Custo Político’, segunda fase da ‘Maus Caminhos’, em novembro deste ano, a PF diz que as doações de campanha tinham a intenção de corromper agentes públicos e obter vantagens indevidas. As mensagens foram analisadas em mensagens de aplicativo de celular.
Conforme a PF, foram identificadas doações realizadas pelas três empresas controladas por Mouhamad Moustafa: a Total Saúde Serviços Médicos e Enfermagem, Salvare Serviços Médicos e Simea (Sociedade Integrada Medica do Amazonas) para a campanha de Rollemberg.
“As mensagens trocadas via WhatsApp entre Mouhamd e sua cunhada e operadora financeira, Priscila Marcolino Coutinho, e entre Mouhamad e Silvio de Assis, mostram que é possível inferir que Mouhamad fez essas doações como uma forma de ‘investimento’ para tentar qualificar o INC (Instituto Novos Caminhos) como Organização Social no Distrito Federal e, com isso, poder celebrar contratos de gestão naquela unidade federativa, assim como fazia no Estado do Amazonas”, diz a PF no relatório.
Frustrado
Em um trecho da conversa, Mouhamad se mostra frustrado pelo fato de os investimentos feitos durante a campanha do governo do DF não estarem respondendo ao esperado, com as vantagens na qual necessitava em relação à empresa que comandava.
Na conversa Mouhamad diz que Brasília já deu como perdido todo dinheiro que deu desde a campanha. “Eles voltam a lembrar de mim, mas eu nunca me esquecerei deles, não foram honestos”, diz. “Esse trecho demonstra que Mouhamad está frustrado, possivelmente, com a demora na qualificação do INC (Insituto Novos Caminhos) como Organização Social no Distrito Federal e que todo o dinheiro que ele enviou para pessoas ligadas ao governo do DF, incluindo doações de campanha, dava como um ‘investimento perdido’, considera a PF no relatório.
Segundo a PF, a conversa prossegue e Mouhamad diz que é preciso enviar funcionários para trabalharem na qualificação do INC junto ao governo do Distrito Federal, fato que, pelo modo de atuação em Manaus, já causa preocupação.
“Como Priscila Coutinho é da confiança de Mouhamad, ele não se inibe ao afirmar que “pra esse povo já dei R$ 1,3 milhões entre (a) campanha” e que “tem que recuperar de alguma maneira”, evidenciando sua intenção criminosa de corromper”, conclui a PF.