MANAUS – Na Região Norte, Pará e Amazonas atuam como carro-chefe do crescimento do crime de morte por arma de fogo, mais que triplicando os registros no período de dez anos (2002 a 2012). Essa é a conclusão do mais recente relatório do Mapa da Violência 2015, que divulgado nesta quarta-feira, 13, pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), em Brasília. Considerando dados oficiais de 2012, o relatório aponta que 42.416 pessoas foram vítimas de armas de fogo no Brasil – uma média de 116 mortes/dia –, das quais 94,5% (40.077) foram resultado de homicídios.
No Amazonas, houve uma ligeira queda em relação ao ano anterior (2012 comparado a 2011), mas no período de dez anos, o Estado amargou um crescimento de 298,2% nos registros de morte por arma de fogo, e sagrou-se líder absoluto na região, e vice-líder no Brasil, perdendo apenas para o Estado do Maranhão.
No último ano pesquisado, houve um ligeiro recuo de 3,6% em relação ao ano anterior: foram 868 mortes em 2012 contra 900 em 2013, segundo a Unesco. Mas no período, os números ainda assustam. Em 2002, o Estado registrou 218 mortes por arma de fogo, número que subiu para 886 em 2012. Na média nacional, houve um crescimento de apenas 11,7% no período.
Quando se compara a taxa de óbito por arma de fogo, o Amazonas fica acima da média nacional, com 24,2 mortes por 100 mil habitantes. A média nacional é de 21,9/100 mil. No entanto, o Estado do Amazonas tem a segunda maior taxa da região Norte, atrás do Pará (28,8), e atrás de outros dez Estados brasileiros.
Mas o relatório chama a atenção para o crescimento da taxa de mortes por 100 mil habitantes em Estados como Amazonas, Ceará e Maranhão nos últimos anos. “Estados como Maranhão, Ceará e Amazonas mais que triplicam seus índices, em contraposição a outros, como São Paulo e Rio de Janeiro, que conseguem reduzir seus índices para menos da metade dos vigentes em 2002”, diz o documento da Unesco.
O Amazonas, nesse aspecto, saltou de 7,4/100 mil habitantes em 2002 para 24,2/100 mil habitantes em 2012, apesar de no último ano registrar uma redução de 5% em relação ao ano anterior. Em 2002, o Amazonas era o 25º na lista e agora está em 13º no Mapa da Violência 2015.
Mortes entre jovens
O Amazonas também reduziu o índice de mortes por arma de fogo entre os jovens (até 24 anos) em 14,5% de 2011 para 2012, mas no período de dez anos, a situação é preocupante. Houve um crescimento de 309,6%, o maior da região Norte e o terceiro maior do país, que teve crescimento de 10,7% no período e registros de queda em seis Estados.
O número de jovens mortos por arma de fogo em 2012 representa 59% do total de óbitos registrados no Estado. Foram 512 em um universo de 868. Essas mortes estão concentradas na capital Manaus, com registro de 465 mortes de jovens em 2012.
Os negros são maioria absoluta entre os mortos no Amazonas: 796 contra 62 brancos. A taxa é de 28,6 negros mortos por 100 mil habitantes enquanto a de brancos é de apenas 8,1/100 mil. Em 2003, essa taxa para os negros era de 8,8/100 mil. O estudo revela um crescimento da taxa entre negros da ordem de 225%.
Acesse o relatório completo Relatório da Unesco- Mapa da Violência 2015