Recebi um e-mail nesta quarta-feira, 1°, como título “Manifestação nacional pró-Lava Jato chega a Manaus”, convidando para um “ato a favor da continuação das investigações contra a corrupção” marcado para o dia 26 de março, no Largo São Sebastião. Não é novidade que os mesmos “movimentos” que organizaram manifestações pedindo a saída da ex-presidente Dilma Rousseff e do PT do poder central agora organizam uma manifestação para o dia 26. A novidade é o motivo alegado: a continuação das investigações da Lava Jato. Quem está ameaçando a Lava Jato? Não são os substitutos de Dilma e do PT? Não é a patota do presidente Michel Temer e o PMDB? Não é essa turma que tomou conta dos poderes no Brasil que está no olho do furacão? Que piada é essa, então, de pedir a continuação da Operação Lava Jato sem pedir a saída dessa patota que tomou conta do Brasil?
Ah, mas molecada do Vem pra Rua, Movimento Brasil Livre, Nas Ruas e Revoltados Online não podem se voltar contra aqueles que os financiaram no passado. Descaradamente, foram às ruas em 2015 e 2016 financiados pelos partidos e políticos de oposição, principalmente PSDB, DEM e setores do PMDB, que aparecia pouco, mas era o maior interessado no impeachment.
Michei Temer e seus ministros estão atolados até o pescoço no mar de lama da corrupção desnudado pela Lava Jato. O presidente da República já foi citado em diversas delações premiadas como alguém que comandava, que indicava diretores; era o líder do PMDB, com força para colocar e por na estrutura de poder do PMDB. Seus ministros são denunciados quase que diariamente. Mas nenhum pio se ouviu até agora da turminha do barulho que bradou bravamente pela saída de Dilma Rousseff.
Ah, ia esquecendo… A turminha do barulho quer também “mobilizar a população para pedir o fim do Estatuto do Desarmamento, como método para permitir que o cidadão também tenha o direito de defender-se, sob regras e tenha permissão para ter porte de arma (sic)”. Oh, meu Deus, é muita baboseira.
Mas não termina aí. Os barulhentos de outrem querem, ainda, o fim do foro privilegiado. Dizem que se trata de “direito adquirido por algumas autoridades públicas, de acordo com ordenamento jurídico brasileiro, garantindo que possam ter julgamento especial e particular quando são alvos de processos penais (sic)”. Ora, neste momento, o que mais querem os políticos acusados de corrupção é o fim do foro privilegiado. Imaginem figuras como Romero Jucá (PMDB-RR) julgado no seu Estado de origem. Imaginem Eduardo Braga, Omar Aziz, Alfredo Nascimento ou qualquer outro político que cometa crime julgados pelo Tribunal de Justiça do Amazonas. Só para refrescar nossa memória, aquele processo das Obras Fantasmas do Alto Solimões, de 2008, até hoje não foi julgado na primeira instância da Justiça do Amazonas.
O que essa turma quer é dar uma satisfação para a plateia, porque é muito estranho que diante de tantas denúncias formais eles estejam caladinhos, depois do barulho que fizeram no passado. Lá atrás eles conseguiram enganar uma parcela da sociedade que estava pedindo para ser enganada. No fundo, os protestos não eram contra a corrupção.
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