MANAUS – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu o fracasso do governo dele em asfaltar a BR-319, mas creditou o problema a uma briga entre dois ministérios cujos ministros foram nomeados por ele. Ao discursar, na manhã desta quinta-feira, 11, em um evento de apoio às candidaturas de Eduardo Braga (PMDB) ao governo do Estado e de Francisco Praciano (PT) ao Senado, Lula disse que “a BR-319 nós ficamos quatro anos brigando entre o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério dos Transportes, e não conseguimos fazer”. De acordo com o ex-presidente, “essa estrada tem que ser feita, porque o povo de Rondônia tem que ter o direito de vir para Manaus de carro e o povo do Amazonas tem direito de ir de carro pra Rondônia”.
Lula afirmou que “ninguém quer defender a floresta amazônica mais do que o povo da Amazônia” ao defender a construção da estrada. “Pra alguns que estão fora, a floresta é uma paisagem. Pra vocês, é um meio de vida; pra vocês, faz parte da vida de vocês. Então, a gente quer preservar, mas a gente tem que encontrar um jeito de fazer com que o povo do Amazonas tenha o direito de ir e vir como qualquer pessoa desse país. O Amazonas não quer mais ser segregado”, disse Lula.
O ex-presidente veio ao Amazonas dar apoio às candidaturas da coligação “Renovação e Experiência”, mas também reforçar a campanha da presidente Dilma Rousseff (PT). No fim do discurso, Lula convocou a militância a bater de casa em casa para pedir voto. “A gente não vai voltar pra casa achando que ele (Braga) vai fazer milagre na televisão. Achando que o Praciano vai fazer milagre na televisão. O milagre quem vai fazer somos nós, batendo na casa de cada companheiro. Nós não vamos brigar com ninguém, não vamos aceitar provocação de ninguém. Nós queremos é convencer as pessoas do que era esse país em 2002 para o que ele é agora. Do que era essa Estado em 2002 e o que ele é agora”, disse.
Discurso para os pobres
Lula fez um discurso voltado para a população mais pobre e “pintou” um Brasil que antes dele não era para pobre e o Brasil depois do governo dele e de Dilma Rousseff. Ele também criticou os políticos que só procuram os pobres no tempo da eleição. “Na época da eleição a coisa mais valorizada nesse país é o pobre e depois das eleições a coisa mais valorizada volta a ser os ricos e os pobres voltam a ser esquecidos”.
Lula disse que sempre achou que era possível repartir o bolo da economia brasileira e “dar um pedacinho pra cada um dos 200 milhões de brasileiros desse país”. “Houve um tempo nesse país em que quase metade da população não tinha as calorias e as proteínas para comer todo santo dia. Houve um tempo em que trabalhadores ficavam quatro ou cinco anos desempregados. Houve um tempo em que o salário mínimo era apenas 70 dólares, meu companheiro”.
Lula também listou uma série de coisas que, segundo ele, não era permitido ao pobre fazer e agora é. “Pobre viajar de avião? Nunca! Pobre comer em restaurante? Nunca! Pobre entrar em universidade? Nunca! Pobre fazer curso técnico? Nunca! Filho de empregada doméstica cursar Medicina? Jamais! Filho de pedreiro ser engenheiro? Jamais! Filho de pedreiro ser diplomata? Jamais! Isso era impossível”.