Por Iram Alfaia, de Brasília
BRASÍLIA – A declaração do ex-ministro das Minas e Energia Edson Lobão contrário à privatização da Eletrobras, mas favorável a vendas das distribuidoras da empresa, principalmente a Amazonas Energia, foi criticada nesta quinta, dia 24, pelo Sindicato dos Urbanitários do Amazonas.
O senador pelo PMDB do Maranhão diz que “o maior problema da Eletrobras são as distribuidoras, sobretudo a do Amazonas”. Referindo-se a situação deficitária das empresas, o ex-ministro defendeu a venda delas e que o governo mantenha sob o controle apenas as geradoras de energia.
“Eu penso que as dificuldades da Eletrobras, que realmente existiram, decorrem sobretudo das distribuidoras, que foram assumidas pela empresa e que pertenciam a alguns estados. Sobretudo a do Amazonas, que gerou um prejuízo muito grande. Não sou favorável à privatização da Eletrobras. Ela é uma segurança para o abastecimento de energia do País. Ela tem uma função estratégica e, como tal, deve ser preservada sob controle do Estado”, afirmou.
Segundo o presidente da entidade, Edney Martins, o ex-ministro despreza a função social de uma empresa distribuidora de energia na Amazônia.
“Sem subsídio não tem como gerar e distribui energia na floresta. Quando você tem que levar 70 quilômetros de rede para atender dez sitiantes na Amazônia estará visando o bem estar da população e não o lucro”, defendeu o sindicalista.
A geração e distribuição de energia no interior da Amazônia, segundo o sindicalista, tem como objetivo ocupar e desenvolver sustentavelmente o espaço. “Trata-se de uma questão de soberania nacional, pois sem energia estaremos desocupando nossas fronteiras”, diz.
Mesmo assim, no entendimento do movimento dos urbanitários, o capital privado tem interesse na Amazonas Energia, principalmente por causa de Manaus. “Eles querem comprar a empresa para vender a energia às indústrias do Distrito Industrial”.
No caso do interior do Estado, as multinacionais seriam as mais interessadas. “Não dá lucro, mas é uma forma de acesso à Amazônia”, concluiu.