Da Redação
MANAUS – Com um mandato de apenas 14 meses, o novo governador do Amazonas eleito na eleição suplementar, em agosto, encontrará o Legislativo já formado. Precisará, portanto, negociar uma base aliada para viabilizar aprovação de projetos. Para a candidata Liliane Araújo (PPS), essa situação não representa um obstáculo. Em entrevista ao ATUAL, nesta terça-feira, a jornalista disse que não pretende fazer conchavos.
“Se eleita, vou compor um corpo técnico, mas sem esses conchavos que já estamos acostumados a ver. Cada governo é sempre uma troca de favores, é um parente que está ocupando uma pasta, um colega que ajudou na campanha. A gente está lidando com o povo, com dinheiro público. A gente não deve estar colocando os nossos direitos pessoais e politiqueiros acima dos interesses do cidadão”, declarou.
Liliane diz que pedirá o apoio do povo e irá à mídia para pressionar os parlamentares. A ideia é reunir apoio popular. Liliane disse que acredita na renovação política no Estado e disse que disputará o pleito, mesmo com recurso para manter o registro de candidatura, cassado pelo TER (Tribunal Regional Eleitoral) Confira os principais trechos da entrevista.
Registro de candidatura
“Foi uma questão burocrática. Eu continuo filiada ao PPS desde o dia 25 de novembro de 2016. É um direito político meu concorreu e por isso eu sou candidato. Isso agora cabe ao entendimento do Judiciário.”
Intervenção
“Após acabar o processo eleitoral no ano passado, o partido já estava em processo de intervenção. Nesse processo, você não tem uma liderança, alguém que é responsável pelo partido. Isso só acabou em maio de 2017. Enquanto não saía a certidão, nós não poderíamos fazer nada. Quando veio a certidão da direção nacional do partido indicando as pessoas para assumir a diretoria provisória, lá já estava comprovado que eu estava filiada. Ocorre que mesmo com a intervenção, o sistema do TSE e do TRE estavam mudando de plataforma e não tinha como incluir nenhuma informação no sistema.”
Desgaste eleitoral
“Cria-se a imagem de que a Liliane Araújo não é candidata. E a Liliane é candidata. Cabe agora à Justiça o entendimento da análise das provas. Estamos recorrendo e temos que dar continuidade à nossa campanha. Quero deixar bem claro que nós estamos na disputa. Tanto é que somos amparados pelo Artigo de 16 da Lei 9.504, que é a Lei Eleitoral. E estamos apostando muito na renovação.”
Troca do jornalismo pela política
“Como comunicadora durante mais de dez anos, eu não poderia assumir uma posição partidária, seria antiético. Mas eu já era filiada, tinha 13 anos de PPS. Eu percebi que como jornalista só poderia denunciar. Então eu saí da condição de denunciante para uma capaz de tentar mudar o que nós estamos vivendo. Todos nós estamos acompanhando a situação do País e do nosso Estado, esse desgoverno geral, esta instabilidade, esta crise política que desestabiliza todo o sistema. Então eu questionei: porque a Liliane ser candidata. Por que não?”
Vida pública
“Eu resolvi iniciar minha vida pública em 2014. Eu fechei um ciclo como jornalista. Eu comecei em 2014 quando concorri ao cargo de deputada estadual. Foi a primeira vez que senti todas as emoções e sensações da política. Não fui eleita, mas conquistei 6.243 votos, o que considero muito para quem foi com a cara e a coragem. Não ganhei, mas também não perdi minha dignidade. Veio 2016 e falei: vou concorrer porque a política é um trabalho contínuo. A gente não pode querer só atuar quando chega o momento político. É um trabalho de visitas às suas bases. Como já não tinha mais viabilidade dentro do PPS migrei para o PR. Até porque todo candidato busca sua viabilidade. Não fui eleita mais uma vez, mas para mim tudo é experiência.”
Falta de experiência
“Não é porque eu estou concorrendo ao cargo de governo que eu não sou capacitada. Quando a gente trata de experiência a gente observa que os que são experientes, olhe o que fizeram com o nosso Estado. Eu sempre digo que eu não tenho a experiência de falir o Estado e nem quero essa experiência para o meu currículo. Eu quero ser reconhecida como alguém que se colocou à disposição da população para se doar e tentar fazer o melhor para o nosso Estado.”
Plano de governo – Saúde administrativa
“Estou me referindo às finanças. Hoje, parece que estão brincando de governar. É preciso rever contratos. Acompanhamos notícias de vários escândalos de contratos, de obras fantasmas, de obras que não foram concluídas, de desvio de dinheiro público. Então, a gente precisa dá um freio nas coisas e acabar com esse descontrole que está ocorrendo não é de agora, vem de muitos anos. Tem que ver o que é prioridade. E este é um mandato de 14 meses, é muito curto.”
Crise
“Temos que ter soluções alternativas. Quando falo em enxugar gastos é a gente rever contratos. Eu tenho que priorizar contratos que estão funcionando. A gente tem que acabar com essa história do Estado fingir que paga e os empresários fingem que estão fornecendo o serviço. Temos que pagar o que é justo. Os milhões que foram desviados na saúde, isso faz falta. Os que foram desviados na educação, isso também faz falta. É preciso fiscalizar, acompanhar o Portal da Transparência.”
Sequência do Melo
“Esse governo interino é uma continuação do governo Melo. Antes mesmo dele ser cassado, dinheiro saiu de lá. São coisas que a gente tem que acabar.”
Economia no interior
“Hoje a economia do Estado se concentra na capital e no setor industrial. Eu acredito que a gente precisa levar o desenvolvimento para o interior, a indústria de beneficiamento. Recurso tinha, falta vontade de colocar em prática planos excelentes de levar o desenvolvimento ao interior do Estado. Gente tem que trabalhar alternativas criativas que custem menos. Os instrumentos já existem como a Afeam e o Banco do Povo, falta viabilizar. Não é nenhuma novidade, mas em vez da Afeam beneficiar pequenos agricultores, estava beneficiando empresas fora do Estado. A gente precisa acabar com isso, com essa má gestão.”
Discurso de ‘cuidar das pessoas’
“Eu acho que é obrigação do político é cuidar das pessoas. A partir de um momento em que eu trato de um tema que é saúde, eu estou cuidando de pessoas. Vou estar fazendo um trabalho que é preventivo ou de alta complexidade. Meu objetivo não é o meu interesse próprio. Quando eu falo de cuidar das pessoas é porque realmente a gente precisa ter esse cuidado.”
Relação parlamentar
“Muitas ações do Executivo a gente vai fazer, e não precisa da atuação parlamentar, ainda mais em um mandato curto desses. A não ser para tentar aprovar projetos. As aí a gente tem que utilizar as pessoas. Eu tenho que atrair as pessoas para dentro do meu governo, atrair os funcionários públicos. Por isso que eu digo que a maior força é a que vem do cidadão. Eu tenho certeza que o cidadão tendo voz e vez dentro de um governo ele vai se sentir muito à vontade e a pressão popular é muito forte. Quando o povo quer ele faz, já tirou dois presidentes do nosso País.”