MANAUS – O líder do governo na ALE (Assembleia Legislativa do Estado), deputado David Almeida (PSD), acusou, na tribuna da Casa, na manhã desta terça-feira, 2, o deputado José Ricardo (PT) de ter montado “uma farsa” que teve como desfecho notas de dinheiro falsas atiradas contra o governador José Melo (Pros), na manhã de segunda-feira, 1°. De acordo com Almeida, o manifestante Hinaldo de Castro Conceição, de 20 anos, que atirou os papéis contra o governador, o fez orientado por um servidor do gabinete do deputado do PT, e as notas arremessadas foram reproduzidas (cópias) no gabinete do parlamentar. Diante das informações levadas pelo líder do governo, o corregedor da ALE, deputado Ricardo Nicolau (PSD), anunciou que irá pedir um inquérito policial para apurar o caso.
David Almeida apresentou um vídeo das câmeras de segurança da ALE que, segundo ele, mostram que um servidor do deputado José Ricardo “aciona o rapaz” para jogar os papéis contra o governador e, em seguida, orienta outro servidor do gabinete dele a filmar o ato. Ainda segundo Almeida, o vídeo que ganhou as redes sociais mostrando o momento em que Hinaldo Castro joga o dinheiro em Melo e grita “Pega o teu dinheiro, comprador de voto” foi filmado e distribuído pelo servidor do gabinete do deputado do PT.
David Almeida também disse que vai pedir uma perícia nas copiadoras do gabinete do deputado José Ricardo com a intenção de comprovar se as cópias das notas falsas usadas no protesto foram confeccionadas na Assembleia Legislativa. “A denúncia que eu tenho é de que foram confeccionadas dentro do gabinete”, disse Almeida.
Corregedoria
O deputado Ricardo Nicolau disse que vai pedir à Polícia Civil um inquérito policial para investigar as informações e as provas que David Almeida disse ter. Segundo o parlamentar, todas as partes envolvidas serão arroladas, inclusive o governador José Melo.
O corregedor também levantou a hipótese de crime de falsificação de moeda ou de falsidade ideológica, porque foram confeccionadas notas de R$ 100, para atirar contra o governador. O absurdo da hipótese é que as notas foram impressas em preto e branco, ou seja, não haveria como usá-las como verdadeiras.
Outra hipótese do corredor foi de que possa ter havido tentativa de lesão corporal no ato de Hinaldo Castro contra o governador, por ter atirado papeis contra o chefe do Executivo. “Há entendimentos de que lesão corporal tem que ser consumada e com exame de corpo de delito para comprovar; mas há outros entendimentos”, disse.
José Ricardo
O deputado José Ricardo disse que sempre apoiou as manifestações sociais, mas negou qualquer ajuda a Hinaldo de Castro, como acusa o deputado David Almeida. José Ricardo disse que estava fora da Assembleia no momento do episódio. “Eu voltava de uma tribuna popular e fui informado sobre o episódio. Nem entrei na Assembleia, fui direto para a delegacia, para onde o jovem foi levado”.
José Ricardo disse que não foram feitas cópias no gabinete dele e que não orientou o pessoal do gabinete dele a incentivar o jovem a jogar os papéis e nem a um funcionário filmar o episódio. “Eu fui informado de que Hinaldo Castro informou, na chegada à Assembleia, que iria ao meu gabinete, mas o que me disseram é que outras pessoas fizeram o mesmo e foram ao gabinete, o que é normal”, disse.
José Ricardo considerou legítimo o protesto de Hinaldo Castro e disse que não vê crime no ato. Nem crime de injúria, como foi ventilado, o parlamentar enxerga no ato de jogar dinheiro no governador e gritar “Pega teu dinheiro, comprador de voto”. Ele lembrou que o governador, de fato, teve o mandato cassado por compra de voto em julgamento do Tribunal Regional Eleitoral.
Investigação da claque
O deputado José Ricardo sugeriu que a Corregedoria da ALE, que tem disposição de investigar o ato de Hinaldo Castro, também investigue quem pagou os ônibus que levaram dezenas de pessoas para aplaudir o governador e as faixas exibidas nas manifestações de apoio, assim como os servidores que deixaram o local de trabalho para aplaudir José Melo na Assembleia. “Grave é um servidor deixar o local de trabalho para vir aqui aplaudir o governador. Quem paga esse prejuízo ao Estado? Se é para investigar, vamos investigar isso também”, disse.