MANAUS – De um lado, o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (PMDB-MG), querendo por um freio na Operação Lava Jato; de outro, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima, da força-tarefa da Lava Jato afirmando que ela vai continuar por todo o país. Nenhum nem outro tem o apoio dos brasileiros sensatos.
O nome de batismo da maior operação anti-corrupção no Brasil parece estar saturado. Por esse motivo, insistir no nome como forma de investigação de qualquer tipo de ato ilícito praticado por políticos é um erro. Como é um erro achar, como o deputado Ramalho, que deve-se definir um prazo de validade para a Lava Jato.
Se ainda há o que investigar, os procuradores, a Polícia Federal e os órgãos envolvidos devem ir às últimas consequências, independente de quanto tempo vão durar as investigações. Por outro lado, transformar qualquer nova descoberta de corrupção em uma ramificação da Lava Jato é jogar a favor da corrupção, pelo descrédito que as novas investidas possam gerar.
Necessários se faz que o Ministério Público, a Polícia Federal e os órgãos de controle dos Estados investiguem a fundo os contratos de toda ordem na administração pública. Não precisa ter o nome de Lava Jato, mas a maioria dos que deveriam investigar a corrupção não investiga. Suspeitas não faltam de desvio de dinheiro público em contratos de governos e prefeituras. Falta coragem, determinação e compromisso da fiscalização com a sociedade, que espera ver o país passado a limpo.
Não se admite mais que os gestores metam a mão no dinheiro público para desviar recursos que faltam para as necessidades mais básicas da população, que paga alta carga de impostos e não vê esse dinheiro retornar em forma de bem estar social. O nome que vai se dar a novas operações é menos importante. O importante mesmo é que promotores, procuradores, conselheiros de contas, auditores e outros servidores públicos adotem a prática da fiscalização e do combate à corrupção e deixem de ser aliados de corruptos e corruptores. O Brasil daria um salta gigantesco.