Sempre que projetos polêmicos compunham a pauta de votação da Assembleia Legislativa, o presidente Josué Neto (PSD) passava o bastão ao vice, Belarmino Lins (PMDB), que sabe como ninguém dirigir o rolo compressor contra os opositores do governo. Desta vez, na votação da reforma administrativa de José Melo (Pros), nesta quinta-feira, 5, Josué assumiu a tarefa de conduzir a votação, escorado por Belão, que lhe aconselhava o pé do ouvido. Não passou no teste. Faltou equilíbrio, sobraram deselegância, descortesia e agressividade com os colegas de oposição aos projetos em votação. Antes mesmo do início das discussões Josué travou um bate-boca com o peemedebista Vicente Lopes; depois, no calor do debate, negou, por duas vezes, a palavra a Alessandra Campêlo (PCdoB) – a única mulher da Casa, e justamente no dia em que a Assembleia faria homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Alegou que o regimento não comporta questão de ordem no momento da votação, quando ele mesmo abriu o painel para a votação no início das discussões; por fim, voltou a travar uma “batalha verbal” com Vicente Lopes e o interrompeu no tempo regimental para pedir que se ativesse ao tema em discussão. Em suma, Josué quis ser duro, mas perdeu a ternura que a liturgia do cargo exige.
Painel liberado
Como ocorre em todas as votações polêmicas, a base aliada não estava nenhum pouco interessada em ouvir os argumentos da oposição no projeto de reforma administrativa. Com a liberação do painel no início da discussão, 13 deputados votaram sim antes de ouvir os contrários: Abdala Fraxe, Adjuto Afonso, Augusto Ferraz, Belarmino Lins, Bi Garcia, Bosco Saraiva, Carlos Alberto, David Almeida, Josué Neto, Orlando Cidade, Ricardo Nicolau, Sabá Reis e Sidney Leite. Outros três deixaram para votar com o governo no fim do debate: Dermilson Chagas, Platiny Soares e Francisco Souza.
Vaiados, mas felizes
Os deputados David Almeida (PSD) e Sidney Leite (Pros) foram vaiados pela galeria enquanto defendiam a reforma do governador José Melo. Almeida reagiu e acusou os manifestantes, entre eles professores do ensino superior, de mal educados, mas disse que se orgulhava de defender a proposta; Leite suspendeu o discurso e “brincou” com a plateia pedindo aplausos e ironizou as manifestações. Josué Neto ameaçou suspender a sessão caso a galeria não fizesse o silêncio exigido no regimento da Casa.
Ficha suja, sim
O deputado José Ricardo (PT) incluiu uma emenda ao projeto de reforma administrativa para proibir que o governo contrate para os cargos comissionados políticos ficha suja, ou seja, condenado pela Justiça ou colegiado dos tribunais de contas. A proposta foi rejeitada e teve os votos favoráveis apenas do autor, de Luiz Castro (PPS), Vicente Lopes e Wanderley Dallas (ambos do PMDB).
Comeu abiu
Depois de cantar aos quatro ventos que era contra a extinção das secretarias Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) e de Geodiversidade, Mineração e Recursos Hídricos, o deputado Sinésio Campos (PT) comeu abiu e sumiu na hora da votação do projeto que acabou com as pastas e as incorporaram à Seplan. Foi o único a não registrar voto.
Finalmente, acordou!
O Ministério Público Estadual (MPE-AM), finalmente, acordou e publicou, nesta quarta-feira, que abriu inquérito administrativo para investigar obras de e infraestrutura, revitalização urbana de acessibilidade e mobilidade na Prefeitura de Manaus. O primeiro alvo do MPE-AM será a polêmica ciclovia do Boulevard Álvaro Maia no trecho que vai até a Ponta Negra.
‘Bico’ na PM
Os policiais militares, incluindo oficiais, estão fazendo um “bico” dentro dos próprios quartéis no município de Manacapuru. Eles ministram aulas de reforço para alunos dos ensinos Fundamental e Médio. A mensalidade do reforço custa no mínimo R$ 80 e pode chegar a R$ 120.
Reforma na CMM
Técnicos da Câmara Municipal de Manaus (CMM) disseram que funcionários da Casa Civil prometem para terça-feira, 10, a entrega da reforma administrativa do município. O prefeito Arthur Neto (PSDB) promete a reforma desde dezembro passado.