Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – Informação que circulou no meio político na tarde desta terça-feira, 2, sobre a aproximação do PMDB de Eduardo Braga e do PSDB de Arthur Virgílio Neto pode jogar o PROS de José Melo e o PSD de Omar Aziz no colo do vice-governador Henrique Oliveira (SD). A 36 horas do prazo final das convenções, o dia terminou com 13 pré-cadidaturas à Prefeitura de Manaus e muitas jogadas desenhadas para esta sexta-feira (5).
Deputados da base aliada e políticos do Pros confirmaram ao AMAZONAS ATUAL que reforçam o time de vereados da sigla descontentes com o prefeito Arthur e interessados em desembarcar da chapa tucana e apoiar a candidatura de Henrique Oliveira.
Esses mesmos políticos informaram já ter levado a insatisfação ao senador Omar Aziz (PSD), que há duas semanas manifestou publicamente apoio de seu partido ao tucano num composição que tentava fortalecer o nome do presidente da ALE (Assembleia Legislativa do Estado), Josué Neto, para vice-prefeito da candidatura de Arthur Neto.
As indicações de bastidores são de que, além de conversas, Eduardo Braga, ao desembarcar em Brasília nesta terça-feira, foi visto com empresário da convivência pessoal de Arthur Neto, o que chegou aos ouvidos dos interlocutores do governador José Melo. Arthur, que tinha viagem agendada para Brasília não viajou, de acordo com assessores.
Em 2014, no período de definição de alianças, Braga também manteve conversas com Arthur Neto. Na ocasião, o jornal Diário do Amazonas revelou encontro entre os dois no sítio do então membro do TRE-AM e ex-advogado de Eduardo Braga, Delcio Santos.
Nas conversas de articulação das coligações, o nome do filho de Arthur Neto, o deputado federal Arthur Bisneto (PSDB), chegou a ser cotado para compor na chapa encabeçada por Eduardo Braga ao Governo do Amazonas.
Lado A
A equipe política de Arthur mostrou-se animada, nos bastidores, com a composição de PSDB e PMDB. Para eles, a chapa tucana, tendo o deputado Marcos Rotta (PMDB) como vice, é um cenário que impulsiona a candidatura de Arthur à reeleição e tira do caminho o nome que até agora aparece como único capaz de enfrenta-lo no segundo turno.
No entanto, pessoas próximas a Arthur indicam que ainda depende da mensuração dos desgastes do tucano com o PSD de Omar. Antes dessa informação circular, já consideravam frágil a possibilidade de Conceição Sampaio do PP fechar com o PSDB.
A costura, nos bastidores, também não é mal vista ente os articuladores da pré-candidatura de Marcos Rotta (PMDB), que indicam que o deputado só não deve ser vice de um candidato que tenha menos votos que ele. No entanto, sinalizam que a aproximação do PMDB ao PSDB estaria condicionada a uma consequência política: a ruptura dos tucanos no Amazonas com o PSD e o Pros.
As possibilidades de junção na mesma chapa dos dois candidatos apontados pelas últimas pesquisas eleitorais como os dois primeiros colocados para a disputa fortaleceria o nome de Arthur Neto nas urnas.
Em caso de vitória, Arthur Neto também se fortalece como liderança política e, nas projeções para 2018 e 2020, iniciaria o jogo com cartas a mais nas mãos porque muitas composições dependeriam da decisão dele de sair ou não da prefeitura e de que cargo disputaria.
Lado B
O movimento de debandada do Pros e do PSD para a campanha de Henrique Oliveira projeta obstáculos a esta possibilidade de concentração de poderes nas mãos de Arthur Neto. Isso se, de fato, a composição fortalecer a candidatura do vice-governador.
Os deputados indicam que fazem questão de apoiar a candidatura de Josué Neto à Prefeitura de Manaus, como vice. O que exibe os interesses pessoais dos mesmos. Por exemplo, o deputado Dr. Gomes (PSD), que é suplente, poderia virar titular caso Josué se candidate e sua chapa saia vitoriosa.
O deputado David Almeida (PSD), que está em campanha desde o início do ano para ser presidente da ALE-AM, é outro que se favorece com uma eventual saída de Josué Neto da Casa, porque tiraria o atual presidente da possibilidade de trabalhar por uma eventual reeleição. Além disso, se Henrique se elegesse prefeito, o futuro presidente da ALE-AM seria o primeiro da linha sucessória ao Governo, com ou sem cassação de José Melo.
Outro cenário projetado nas conversas desta terça-feira é que Omar Aziz, ao debandar do PSDB para apoio a Henrique Oliveira, retiraria antecipadamente a pedra que o vice-governador pode representar na possibilidade de ele (Omar) concorrer com o apoio da máquina em 2018.
Ação e Reação
No movimento do tabuleiro político, a jogada desenhada nesta terça-feira pode ter iniciado o por outros movimentos silenciosos. O prefeito Arthur Neto, que tem perfil de estar no protagonismo das decisões dos grupos políticos que integra, pode não ter ficado tão satisfeito em ver rastros do senador Omar Aziz em outras candidaturas à Prefeitura de Manaus com mais sinais de estarem confirmadas, como a do deputado federal Silas Câmara (PRB). Também circula nos bastidores certo ciúme do grupo do prefeito à possibilidade aproximação de Omar ao ex-deputado estadual Marcelo Ramos (PR).
O marqueteiro de Omar atua na campanha de Silas, que anunciou como vice um dos secretários mais prestigiados da gestão Omar, o coronel Amadeu, que comandou o Ronda nos Bairros.
Importante membro do PSD declarou ao AMAZONAS ATUAL que “o melhor dos mundos” seria a articulação entre PSD e PMDB que tirasse Braga do jogo e fosse feito via dirigentes nacionais das siglas.