Muito se discute sobre as potencialidades da Amazônia. De fato estamos longe de aproveitá-las em taxas compatíveis com as possibilidades disponíveis. Nas últimas décadas, a sustentabilidade ambiental tem fomentado negócios bilionários em todo o mundo, seja por obrigação legal, ou por exigência mercadológica. Nesse contexto, o pescado da aquicultura, é uma dessas atividades econômicas que mais cresce no mundo, com média de 8,3% e com forte tendência para crescer mais, já que, especificamente, na ultima década a busca de alimentos saudáveis é outro fator de impulso.
Hoje, a Ásia lidera amplamente a produção mundial com 89%, sendo que a China responde sozinha com 62%. Países como Índia, Indonésia, Vietnam, Tailândia, entre outros, têm investido fortemente no setor. Os EUA são o maior importador de pescado do mundo. No ano passado, as importações passaram de U$ 18 bilhões, as vendas de pescado de aquicultura crescem na ordem de 13% ao ano e a reexportação de produtos derivados dos pescados estrangeiros chegou a U$ 6,8 bilhões.
São números impressionantes e mais ainda quando consideramos a forte desvalorização do real frente ao dólar. Mais do que chorar por nosso empobrecimento, devemos olhar atentamente que tipo de oportunidade de negócios isso gera. O Brasil se tornou barato, os investidores garimpam bons negócios e têm o que não dispomos: recursos financeiros.
Os altos investimentos requeridos para o setor se justificam com facilidade. O déficit de pescado aqui nos EUA tende a crescer com a alta do consumo e a recuperação econômica mostrando os bons sinais, já muito sólidos.
Recentemente, uma grande companhia de criação e processamento de pescado fincou bases no Brasil e, em pareceria com uma companhia brasileira, está investindo U$ 51 milhões em Limeira- SP para criação e exportação de tilápias, e esta é apenas uma fase do total que será investido. Em breve, as tilápias paulistas estarão no Kroger, Walmart, Costco e poderão ser degustadas em restaurantes conhecidos dos brasileiros como Red Lobster, Brio, Flanigan’s. Levemos em consideração que em São Paulo a água é um bem escasso.
É preciso ampliar nossa visão para o tamanho do nosso Amazonas e fazer dele tão grande como é, e merece ser. Se, hoje, o crédito e os juros são proibitivos, uma grande solução seria a busca de um sócio estrangeiro, e, isso, facilitaria a nossa entrada no exigente mercado americano. Por exemplo, assim como essa companhia americana foi para Limeira, existem outras, em busca da mesma oportunidade, e com possibilidades reais desde que seja feito um bom trabalho de “business plan”.
A busca por investimentos externos deveria ser uma obsessão em qualquer tempo, e com qualquer câmbio. Esse é o caminho mais adequado para um crescimento relativamente rápido, sustentável e para se atingir uma posição global como a dos grandes players, que já deveríamos ser. Quem sabe, um dia, eu possa pedir ao garçon, aqui nos EUA, uma sardinha no caldo, tão saborosa quanto aquela que eu comi em Manaus, na casa do Robertinho Caminha, preparada pelo Paul Augusto Silva, o nosso campeoníssimo Caju.
Eduardo Couto da Cunha, empresário amazonense, reside e trabalha em Atlanta, Estados Unidos.