A infraestrutura como o todo é que possibilita o desenvolvimento econômico. Isso vale para áreas como transporte, energia e telecomunicações. Compreender que isso se dá antes de qualquer atividade produtiva é um dos maiores desafios para a gestão pública e política de regiões remotas, como na Amazônia. No Brasil, ao longo da primeira metade do século passado, foram feitos investimentos expressivos para dotar as regiões Sudeste e Sul de infraestrutura e pouco a pouco as demais regiões do país foram timidamente contempladas com alguns recursos.
Entretanto, a região Norte do Brasil e em especial o Amazonas nunca recebeu as necessárias contrapartidas por todo o gasto feito nas demais regiões. Assim, o país se desdobrou na construção de rodovias, pontes, portos e aeroportos no Sudeste, permitindo que aquela região concentrasse a maior parte do desenvolvimento econômico advindo destes recursos aportados. Depois, no final do século passado e início deste século, enormes hidrelétricas foram construídas no Norte para levar energia para as demais regiões do país. Todavia, as contrapartidas nunca chegam por aqui. É como se a região servisse de mero provedor de recursos para o já rico Sudeste e isso mantém uma subserviência na região.
Tenho defendido que, apenas para o setor de transportes, 2,5% do PIB do Amazonas seja destinado para obras que corrijam as deficiências conhecidas no estado. Contudo, o número atual é cerca de 20% deste montante. Como Diretor Adjunto da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam) e Coordenador de Comissão no Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), já tive a oportunidade de integrar esforço em diferentes Fóruns e discussões com respeito ao problema de transportes.
É chegada a hora de também discutir o problema da Energia. Na próxima semana, no dia 17/10, a Comissão de Infraestrutura, Energia e Telecomunicações da Fieram e Cieam realizarão o I Fórum de Energia na Indústria. As alternativas de redução de custos serão o pano de fundo do evento. Haverá um Painel sobre o Mercado Livre de Energia, que se apresenta como a oportunidade do momento para os maiores consumidores de energia, porque o excessivo custo de energia da região pode, em alguns casos, ser reduzido.
A segunda mesa do evento será a respeito da Energia Solar. Desde 2004, por meio de estensivos programas, a Alemanha tem adotado esta solução, mesmo não sendo um país exemplar no que diz respeito à insolação ao longo de todo o ano. Segundo dados do Fraunhofer ISI deste ano, a Alemanha já tem 9,8% de seu consumo advindo de energia solar. Ao todo 40,3% de sua energia já são de fontes renováveis. Em 2015 a energia solar era apenas 7,1%. Ou seja, a base cresceu cerca de 38% em pouco mais de dois anos. É chegada a hora de trilharmos este caminho, antes que seja tarde. Esta é a oportunidade para o futuro.
Os custos da Energia Solar ainda são uma incógnita. Até onde há oportunidades? Este é o propósito do Painel sobre Energia Solar que será apresentado no Fórum. Fica o convite para o dia 16/10/2018, a partir de 14h na Fieam: debater sobre as oportunidades e desafios do Setor de Energia para a Indústria do Amazonas. Sem energia a um custo competitivo, a região seguirá sendo colônia e seguirá provendo recursos para o Sudeste. Romper esta barreira histórica é um desafio. Assim, a indústria instalada em Manaus precisa compreender mais das oportunidades que já existem e definir os passos para uma melhor construção do futuro.
(*) Doutor em Engenharia de Transportes, Professor do Departamento de Engenharia Civil da Ufam, é Diretor Adjunto da Fieam e Coordena a Comissão que realizará o I Fórum de Energia na Indústria.
Augusto César Barreto Rocha é doutor em Engenharia de Transportes (COPPE/UFRJ), professor da UFAM (Universidade Federal do Amazonas), diretor adjunto da FIEAM, onde é responsável pelas Coordenadorias de Infraestrutura, Transporte e Logística.
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