No primeiro encontro com o deputado Vicente Lopes (PMDB), presidente da Comissão de Assuntos Indígenas e Cidadania, nesta quinta-feira 12, nove lideranças do Mecmam (Movimento Etno Cultural de Mobilização do Amazonas) afirmaram que precisam conversar com o governador José Melo (Pros), para tratar sobre a especulada extinção da Seind (Secretaria de Estado para os Povos Indígenas).
Eles também demonstraram insatisfação com a atual administração da Seind, outra questão que pretendem levar ao governador e pediram ao deputado para intermediar um encontro com o chefe do poder Executivo.
Vicente Lopes mostrou-se solidário com a reivindicação dos líderes indígenas e disse que vai encaminhar ofício ao governo, solicitando a audiência. “A nossa defesa é incondicional e irrestrita à manutenção da Seind. Esta é a minha posição e a posição oficial do meu partido”, afirmou o deputado, ao final da reunião, realizada na sala da Comissão.
Os líderes indígenas apresentaram a ata de criação do Mecmam, do dia 4 de fevereiro deste ano. Eles representam etnias de vários municípios do Amazonas e disseram não aceitar que a Seind passe a ser um departamento da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Na semana passada, o secretário-chefe da Casa Civil, Raul Zaidan, confirmou que na reforma política que será realizada pelo governador José Melo, a Seind será transformada em departamento da Sejus. “Não será extinga a política pública, apenas vamos enxugar a máquina administrativa”, disse Zaidan na ocasiçao
Dificuldades
Na reunião da comissão, os indígenas relataram as dificuldades encontradas em suas comunidades, muitas delas muito distantes das sedes dos municípios, o que, segundo eles, justificaria a ampliação dos trabalhos da Seind e não a sua extinção, como está sendo proposto na reforma do governador.
Uma das dificuldades é o repasse de recursos financeiros para a melhoria de vida dos indígenas, mas que vão para as prefeituras. “Dinheiro que dá para fazer melhoria cai nas mãos erradas: cai nas prefeituras”, afirmou Eledilson Corrêa Dias, com o nome indígena Kauixe, da etnia kaixana, de Santo Antônio do Içá (a 880 km de Manaus em linha reta). Explicando que não fala muito bem o português, Eledilson Kauixe disse que os indígenas não podem ficar de braços cruzados diante da possibilidade de extinção da Seind. “Agora é a nossa vez. Antigamente era arco e flecha: hoje nós temos a Constituição. Somos cidadãos”.
Apoio na eleição
Os líderes indígenas afirmara ao deputado Vicente Lopes que Melo tem uma “dívida” com eles pelo apoio que deram à reeleição. Por esse motivo, insistem em terem um audiência com José Melo. “Nós fomos esquecidos. Somos porta-vozes dos indígenas. Que o sr. faça essa ponte com o governador, que todos aqui trabalhamos para ele”, disse Paulo Mendes, o Paulo Tikuna, presidente da Federação Indígena de Tabatinga. Outros fizeram questão de esclarecer que não receberam nenhum dinheiro para trabalhar na campanha do governador.
O coordenador do movimento é José de Souza Ferreira, o Zeca Cocama, da etnia do mesmo nome, de Tabatinga (a 1.108 km de Manaus em linha reta). Gelson Ventura do Carmo, da aldeia Camaleão, de Anamã, é o secretário. Eledilson Corrêa Dias e Icles Nascimento Costa participam como membros do movimento. As lideranças representavam os seguintes municípios: Tabatinga, Autazes, São Paulo de Olivença, Benjamim Constant, Santo Antônio do Içá, Beruri, Nhamunda e Novo Airão.
(Com informações da assessoria do deputado Vicente Lopes)