Da Redação
MANAUS – O pagamento de indenização a famílias de presos assassinados no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) em Manaus, em janeiro de 2017, se tornou a nova polêmica da eleição para governador do Amazonas no segundo turno entre o governador Amazonino Mendes (PDT), que tenta a reeleição, e o jornalista Wilson Lima (PSC). Amazonino afirmou que não paga e Lima disse que a lei tem que ser cumprida, mas há outras prioridades em seu eventual governo. O valor para cada família é de R$ 50 mil e o caso é usado pelas assessorias de campanha em novo embate eleitoral.
Em entrevistas à TV Amazonas, na segunda-feira, 15, Wilson Lima foi questionado se pagaria as indenizações. A jornalista que fez a pergunta afirmou que o defensor público Carlos Almeida Filho (PRTB), candidato a vice-governador na chapa de Wilson Lima, defendeu essas famílias.
“A lei tem que ser cumprida. O que é correto é correto. Eu entendo que o Amazonas tem prioridades. Nós precisamos diminuir a fila de hospitais. Tem gente morrendo à espera de um atendimento, à espera de um procedimento. Tem o tal do Sisreg (Sistema de Regulação de Consultas e Exames Especializados) que quem necessita do serviço público de saúde sabe como funciona. Você espera três, quatro meses, para fazer, por exemplo, uma ultrassonografia”, disse Lima e continuou: “Tem gente esperando dois, três anos, para conseguir fazer uma cirurgia ortopédica lá no Adriano Jorge. Tem renal crônico morrendo, morre um por semana porque não tem máquina suficiente para fazer diálise e hemodiálise. Nós precisamos resolver prioritariamente esses problemas”, afirmou.
Conforme o candidato, a segurança pública é outra prioridade. “A quantidade de homicídios tem aumentado consideravelmente. Questão da educação, geração de emprego e renda. Essas são as nossas prioridades. Nós vamos priorizar investimentos na área de saúde, segurança pública, educação e geração de emprego e renda”, disse, sem responder se pagaria as indenizações.
Em entrevista ao G1 Amazonas, site de notícias da Rede Amazônica, o governador Amazonino Mendes foi questionado sobre o mesmo assunto e disse que não pagaria. “Se morre um pai de família sério, trabalhador aí na rua, quem vai indenizar a família dele? Quem vai cuidar do filho dele? Agora, morre traficante, morre bandido, dentro da penitenciária e a gente vai ter que pagar? Eu não aceito”, disse.
Mendes contra-atacou o vice de Lima. “E sei que isso foi agenciado, industrializado, estimulado, pelo candidato a vice do meu adversário (Carlos Almeida Filho). Isso me assusta demais. A gente vai ter um vice-governador que ampara bandido? Que ajuda bandido? Eu não sei mais onde estamos. A gente está lutando tanto para conter o ímpeto criminoso”, disse o candidato.
Amazonino disse que vai recorrer na Justiça contra o pagamento das indenizações. “Não posso permitir isso. O que nós vamos fazer com o nosso cidadão, honesto que é assassinado? O que vamos fazer coma família dele? Agora, nós vamos pagar brigas de facções dentro da penitenciária? Onde se viu isso?”, disse Amazonino.
Ao ATUAL, o vice de Wilson Lima, Carlos Almeida Filho, disse que ele foi apenas um dos defensores públicos destacados pela DPE (Defensoria Pública do Estado do Amazonas) para trabalhar na defesa das famílias de presos. De acordo com o defensor, há uma orientação do STF, no sentido de que os familiares teriam direito à indenização por estarem sob custódia do Estado quando foram mortos.
Carlos Almeida Filho esclarece, ainda, que não há decisão de governo sobre o pagamento das indenizações e que as famílias, deverão, com a ajuda da DPE, ingressar na Justiça para requerer o pagamento das indenizações. Segundo ele, ainda não há processos na Justiça, porque o caso está parado desde a cassação do governador José Melo.
A chacina de presos ocorreu em conflito entre facções criminosas e incluiu mortes também na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) e na Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, totalizando 64 mortos.
Tambem concordo com o governandor Amazonino Mendes. Afinal quem procurou fazer rebelião foram os vagabundos traficantes, aí o povo vai ter que pagar?