Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – O tempo curto de campanha e o atraso causado pela suspensão do processo eleitoral são fatores de influência para uma possível alta abstenção na eleição suplementar no Amazonas, no dia 6 de agosto deste ano. A avaliação é de analistas políticos que consideram também a indefinição jurídica que envolve o pleito como mecanismo que pode gerar ausência nas urnas.
Para evitar a rejeição, os analistas aconselham aos nove candidatos a serem autênticos e buscarem um diálogo franco e transparente com o eleitorado. As alianças partidárias que envolvem lideranças políticas com base eleitorado consolidada também podem atrair os eleitores.
Advogado especialista em direito eleitoral, Elso do Carmo diz que os primeiros atos dos candidatos para evitar o desgaste políticos é ser claro nas propostas. Conforme Elso, toda a confusão criada com a suspensão do processo de eleição, com pedido de adiamento para o dia 13 de agosto, ou até para o dia 2 de setembro, deve confundir e desestimular o eleitor. “Ainda que seja uma eleição única, para um mandato tampão, acredito que a abstenção vai ser imensa, tudo pela confusão, o descrédito e a insegurança jurídica”, disse.
O também advogado e cientista político Carlos Santiago disse que os candidatos não podem usar o mesmo método de comunicação. “Cada um tem estratégias, de não só tomar as ruas no sentido de tornar visível a candidatura, mas de articular as candidaturas no sentido de ter parcerias e apoiadores. É necessário medir aquilo que se vai falar para atrair o interesse à candidatura”, disse.
Conforme Santiago, todos os candidatos vão buscar, nesse momento, uma integração maior. Alguns evitarão falar em corrupção e outros propor o tema no debate. “É um tema espinhoso para alguns, mas extremante agradável para outros”, disse.
Outro aspecto fundamental para o processo eleitoral, segundo Santiago, é que os candidatos devem ser bastante razoáveis na comunicação com o eleitor. Segundo o sociólogo, o eleitor já entendeu que as promessas mirabolantes, as propostas de grandes obras e realizações, o aumento de salário desproporcional para o funcionalismo público e inventar um modelo econômico para o estado em um ano de mandado não serão realizados no governo de apenas um ano.
Carlos Santiago disse que se o candidato for trabalhar com o perfil comum de campanha da falta de sinceridade e de razoabilidade poderá cair no desgaste. “Os candidatos têm uma estratégica específica e o momento é de organizar os apoiadores e trabalhar a melhor forma de comunicação com a sociedade. Nessa melhor forma de comunicação, existem candidatos que não podem abordar certo tipo de assunto e a melhor abordagem é dialogar de forma aberta e sincera”, disse.
Na prática, os candidatos recorrem ao padrão de campanha com abordagem ao eleitor nas ruas, cumprimentos, promessas e participação em arraiais e cultos religiosos. O formato é comum na agenda dos concorrentes, após a retomada do processo eleitoral.