Há uma semana em um evento político-religioso, em Manaus, uma participantes questionava os expositores sobre as chances de ocorrer o impeachment da presidente Dilma Rousseff. A preocupação daquela mulher reflete o sentimento de uma parcela da população que já tomou conhecimento de que há uma onda pró-impeachment que saiu da órbita do PSDB e começa a tomar corpo, inclusive dentro do PMDB.
O programa eleitoral do PMDB, com chamadas em cadeia nacional de televisão por uma semana, demonstrou claramente um partido com propósito de se “vender” como preparado para governar o país, o que seria um desastre, a julgar pelo comportamento de seus membros na administração federal nos últimos anos, com uma coleção de escândalos nos ministérios comandados pela legenda.
Mas a situação da presidente Dilma Rousseff começa a se agravar por problemas que perpassam as questões partidárias. Ela perdeu, com a edição de duas medidas provisórios no fim do ano passado, o apoio das centrais sindicais, que representam os trabalhadores. A perda de direitos trabalhistas e previdenciários revelou-se um remédio amargo aplicado a um segmento da sociedade que não suporta mais se explorada e pagar a conta das mordomias e da corrupção.
Nesta sexta-feira, com o anúncio do fim da desoneração da folha de pagamento, o governo Dilma bateu de frente com o empresariado, com o setor produtivo, que já tem dificuldades para segurar os empregos. O aumento de impostos sobre a folha de pagamento é danoso não apenas para as empresas, mas, principalmente, para os trabalhadores que inevitavelmente serão cortados para reduzir custos. Com essa medida, Dilma também perde o apoio do poder econômico.
As medidas adotadas pela equipe econômica revelam-se uma violência contra a sociedade, que já vem há muito reclamando do peso da carga tributária. O aumento de preços dos combustíveis devido ao aumento de impostos, a elevação exorbitante da tarifa de energia elétrica em nome de uma defasagem nos preços – em um país que tem a energia mais cara do mundo – e o corte de benefícios aos trabalhadores para fazer caixa ao governo central jogam por terra qualquer apoio que a presidente precisaria para evitar uma ação golpista dos que querem tomar o poder.
Não é exagero pensar que o próprio ministro da Economia, Joaquim Levy, esteja jogando contra a presidente da República, dadas as medidas que tem adotado em nome da recuperação da economia. Quando se analisa tais medidas de arrocho não se enxerga nem no horizonte nem no retrovisor melhorias para a situação de crise. O próprio PT, o partido da presidente Dilma tem feito a crítica às doses do remédio receitado por Levy.
E como o processo de impeachment começa e termina na Câmara dos Deputados, não seria surpresa que PMDB e PSDB se unissem para colocar Michel Temer na cadeira do Palácio do Alvorada. Basta que esses dois partidos se unam para congregar os votos necessários para varrer Dilma do poder. Não seria a primeira vez que PMDB e PSDB estariam com o leme do país. A diferença é que o primeiro, nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, era coadjuvante, e agora seria o ator principal.
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