MANAUS – Conheci o repórter fotográfico Raimundo Valentim no jornal Diário do Amazonas. Foram muitas pautas juntos, algumas fora de Manaus. O olhar aguçado para os fatos jornalísticos iam além das lentes do fotógrafo. Ele era um jornalista completo. Via uma boa pauta de longe. Como se diz no jargão da profissão, tinha faro jornalístico aguçado.
Companheirismo era uma de suas melhores qualidades. Gostava de se inteirar da pauta e dava sugestões, sempre muito boas. Na viagem até o local dos fatos, ele discutia o tema, apontava caminhos para que o repórter fosse além do trivial. Por minha condição de docente, me chamava de professor, mas fui sempre um aluno dele.
Outra característica de Valentim era a humildade. Apesar do trabalho magnífico que levava para as redações, nunca se vangloriava, mesmo diante da fotografia digna de prêmio. No máximo, tentava convencer o editor de que aquela e não outra imagem comunicava melhor. Aos menos experientes, ensinava. Por isso, ganhou o título de professor.
A postura ética e o profissionalismo estavam acima de qualquer coisa. Foi com a anuência dele que, em dezembro de 2009, numa das nossas pautas, coloquei em uma caixinha com a inscrição “colabore o meu Natal” de um garoto pedinte em um semáforo R$ 150. O dinheiro era de um político, que o colocou escondido em uma sacola, depois de rejeitarmos a oferta de “natal”.
Mas de todos os ensinamentos, destaco a visão crítica com que ele encarava o cotidiano, do cuidado com a cidade à política nacional. Nada escapava ao olhar daquele que registrava o nosso dia a dia com a sagacidade em imagens, mas acima de tudo, que sabia como ninguém interpretar os fatos.
Raimundo Valentim deixa um legado na profissão e muita saudade. Que seus ensinamentos não sejam esquecidos. Obrigado pelos registros em imagens feitos com tamanha competência e obrigado pela amizade e respeito com que sempre tratava os companheiros de trabalho.
Grande parceiro de todas as semanas nas baladas e coberturas de Manaus..