MANAUS – Necessário se faz pôr um ponto de interrogação na afirmação da juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, que mandou o ex-governador José Melo e a esposa dele Edilene Oliveira para a cadeia, no que se refere à liderança do esquema corrupto que imperou na Susam durante o período investigado.
“Todo o esquema montado para fraudar a saúde do Estado do Amazonas, mediante o desvio de verbas federais repassadas, teve em José Melo de Oliveira e Edilene Gomes de Oliveira os seus idealizadores e líderes absolutos, os quais escolheram a pessoa de Mouhamad Moustafa para concretizar seu intento criminoso”, diz a juíza na decisão de quarta-feira, 3.
Ocorre que a contratação da empresa de Mouhamad ou das empresas que participaram do esquema foi feita antes de José Melo assumir o governo. Em depoimento na Maus Caminhos, em novembro passado, a ex-diretora do Instituto Novos Caminhos, Jenifer Nayara Youchabel, disse à Justiça Federal que a contratação do instituto pelo Governo do Amazonas já era tramada desde 2012, quando Melo ainda era vice-governador.
O contrato do Instituto Novos Caminhos foi assinado em fevereiro de 2014, quando o governador ainda era o agora senador Omar Aziz (PSD).
A pergunta que impera é a seguinte: a contratação do Instituto Novos Caminhos foi feita de forma lícita e com objetivos republicanos, e só depois, quando José Melo assumiu o governo ele e a esposa passaram a montar um esquema para desviar dinheiro público?