MANAUS – A greve dos professores da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), iniciada no dia 15 deste mês, enfrenta resistência de parte dos docentes da instituição, encabeçada por um grupo que foi derrotado no voto. Na assembleia geral da Adua (Associação dos Docentes da Ufam, o sindicato da categoria), realizada dia 9, uma votação apertada determinou que a categoria iria entrar em greve. Em seguida, parte dos professores contrários retirou-se da plenária e publicou, no mesmo dia, uma nota manifestando-se contra o resultado da assembleia.
Em decorrência desse posicionamento, os professores contrários à greve iniciaram uma mobilização para que as aulas da universidade não sejam suspensas. O grupo criou uma página no Facebook que conta com a adesão de mais de 400 professores. Um abaixo-assinado entregue na terça-feira, à reitora Márcia Perales solicita a não suspensão do calendário acadêmico pelo Conselho Universitário, instância máxima da Ufam que decide os rumos da instituição.
Professora do Instituto de Computação, Tanara Lauschner é uma das que decidiram não aderir à greve: “Após a última Assembleia Geral da Adua, devido ao posicionamento da diretoria da entidade, que ignorou a votação expressiva da maioria dos docentes presentes contra a greve, um grupo de professores se organizou por não reconhecer essa declaração de greve”, disse a docente.
No documento entregue à reitoria e publicado na página do grupo no Facebook, uma série de críticas é feita à diretoria da Adua e à forma como as assembleias de deliberação da greve foram conduzidas.
Favoráveis
Para o professor Lino João Oliveira, vice-presidente da Adua e professor do curso de Ciências Sociais, as alegações do grupo são infundadas: “A divergência de opinião é lícita e comum em todo segmento da sociedade, principalmente na universidade, onde divergência é o que constitui nosso trabalho, o que não é legítimo nesse momento é que uma mobilização não reconheça o resultado de uma assembleia geral da categoria, por que é a instância deliberativa que decide as questões de encaminhamento dos professores. E essa assembleia foi conduzida com regras claras, explícitas, e previamente declaradas. Portanto, quem afirma que a diretoria da Adua está manipulando a categoria está mentindo”.
Parte da divergência em relação à assembleia do último dia 9 se deve à contagem dos votos dos professores dos campi do interior, que mudou os rumos da votação. “Os colegas da capital, que são contra a greve, acreditam que não deveriam ser contados os votos do interior, por eles não estarem presentes na assembleia. Dessa forma, o que se entenderia é que os votos do interior têm menos peso. Isso é um absurdo”, avalia Lino João Oliveira.
O grupo que lidera a greve na Ufam também criou uma comunidade no Facebook, com o título “Em defesa da Ufam”, que já é “seguida” por 1,5 mil pessoas. Na página, além da defesa do movimento, os professores divulgam as atividades do que eles chamam de “greve de ocupação”.
Segundo sindicato nacional dos docentes das instituições federais de ensino superior, já são 32 universidade brasileiras em greve por conta dos cortes no orçamento da educação neste ano. O montante chega a R$ 9 bilhões, segundo o sindicato, e atinge desde atividades básicas, como segurança e assistência estudantil, até bolsas de pesquisa e programas de ensino.
A Adua não soube informar o número de professores que aderiram à greve.
(Colaborou Allan Gomes)