Da Redação
MANAUS – O líder da greve dos caminhoneiros em Manaus, Edmilson Aguiar, disse que as reivindicações da categoria não foram atendidas e a greve que dura nove dias em todo o País vai continuar por tempo indeterminado. Os motoristas deixaram a estrada do Marapatá, no Distrito Industrial, zona sul de Manaus, na última sexta-feira, 25, após decisão judicial da 3ª Vara de Justiça Federal que determinou a liberação da via.
Edmilson Aguiar disse que os caminhoneiros continuam a paralisação nas garagens enquanto procuram um novo local para se reunir. “A gente está nas garagens de Manaus. Não tem condições de estar na rua porque a multa é muito alta. A gente está tentando fazer uma situação, um local para se mobilizar”, disse Aguiar.
Medidas provisórias
No último domingo, 27, o presidente Michel Temer anunciou cinco medidas para os caminhoneiros. Entre elas, a redução de R$ 0,46 no preço do litro do diesel; a isenção da cobrança de pedágio para eixo suspenso de caminhões vazios, em rodovias federais, estaduais e municipais; determinação para que 30% dos fretes da Conab sejam feitos por caminhoneiros autônomos; e a tabela mínima dos fretes.
Nesta terça-feira, 29, o Senado aprovou proposta que elimina o PIS-Cofins que incide sobre o diesel até o fim deste ano. Na prática, esse projeto viabiliza parte da redução do preço do diesel.
Para o líder dos caminhoneiros em Manaus, as medidas ainda não atendem aos pedidos da categoria e os sindicatos que negociaram não representam a categoria. “Os caras que negociaram pensaram somente neles, não pensaram nos brasileiros. E não pensaram nem na gente, porque só vai ser 60 dias de combustível e vai voltar tudo de novo, porque a política da Petrobrás é um preço todo dia”, disse.
Questionado sobre os resultados obtidos até agora, Edmilson disse que a categoria está negociando com a Prefeitura de Manaus e com o Governo do Amazonas. Apesar de nada ter saído do papel, o líder dos caminhoneiros espera que as pautas sejam atendidas pelos gestores. “A gente tem pauta com a prefeitura e com o governo do Estado. Agora eles estão sabendo quem são os caminhoneiros. Agora uma coisa é falar, a outra é fazer. Pra isso a gente precisa ter garantia”.
Além da redução do preço do diesel, o movimento pede a redução do preço da gasolina, melhores condições nas rodovias federais, estaduais e municipais e a desoneração do setor de autopeças.
Serviço público
Sobre o impacto da greve no serviço público, o Edmilson Aguiar disse que “Manaus não parou” e que o governo está usando a greve dos caminhoneiros para justificar a falta de medicamentos e merenda escolar. “Hoje a secretaria de educação veio dizer que não tem merenda nas escolas. Não tem porque o governo não dá. Antes da greve os alunos estavam comendo ovo, farofa de ovo”, disse.
Na tarde desta terça-feira, 29, a Susam (Secretaria de Estado de Saúde) enviou nota à imprensa informando que o movimento dos caminhoneiros não impactou de forma generalizada nos serviços de saúde. “O abastecimento interno está normalizado, tanto em relação a combustível para os veículos de serviços e geradores das unidades, quanto aos insumos hospitalares para a capital e interior”, diz a nota.
Segundo Edmilson, os caminhoneiros estão realizando reuniões com todas as secretarias estaduais em busca de negociação com o governo. “A gente acredita que essas demandas estão indo pra lá. As rodovias, o ICMS, o IPVA e a desoneração do setor. O diesel e a gasolina tem que baixar”, disse.