MANAUS – O governador do Amazonas, José Melo (Pros), disse, na manhã desta quarta-feira, 14, durante cerimônia de posse do procurador-chefe do Ministério Público Federal, Edmílson Barreiros, que não está descartada a redução de salários dos servidores públicos estaduais. Ele negou que tenha ameaçado reduzir os salários para quem pedir aumento, mas afirmou que uma eventual redução vai depender de como a crise econômica vai afetar as finanças do Estado até o fim deste ano. “Eu não posso, neste momento, descartar absolutamente nada. Dependendo de como a receita vai se comportar no mês de outubro e no mês de novembro, eu não posso descartar nenhum tipo de coisa”, disse.
Questionado se estava incluído o corte de salários, o governador respondeu: “Continuo dizendo que eu continuarei sacrificando qualquer coisa para dar garantias a que não haja corte de salários dos servidores, mas eu não estou dando nenhuma garantia, à luz do que eu não sei o que vai acontecer em novembro, eu não sei o que vai acontecer em dezembro, porque, infelizmente, por mais que seja Pitonisa [mulheres advinhas, na mitologia grega], ninguém pode, de sã consciência, dizer o que vai acontecer daqui a um mês, dois meses, seis meses em nosso país, porque, afinal de contas, até agora, nada deu certo”.
Em abril, quando anunciou que não haveria reajuste de salários às categorias que esperavam aumento nas suas dadas-base, o governador disse que em setembro voltaria a sentar à mesa com os servidores para discutir a possibilidade de reajuste. Até agora, ele não se reuniu, mas disse que já tem uma reunião marcada para a próxima semana.
“Na verdade, ainda esperei que no mês de setembro pudesse haver uma reação [da economia], por isso, demorei um pouquinho, mas já está marcada para a próxima quinta-feira, não amanhã, na próxima semana [dia 22], uma reunião, às 15h, no auditório da reitoria da UEA, com representantes de todos os servidores, e eu pedi ao Dieese para fazer uma exposição, já que o Dieese é o papa dessa questão, e eu também vou fazer uma exposição para que todos entendam de uma vez por todas os números, e saibam das enormes dificuldades que estamos passando”, disse Melo.
“Não ameacei”
O governador José Melo também disse que não ameaçou cortar salários de servidores que ousarem pedir aumento, e afirmou que foi mal interpretado. “O que eu disse é que todos nós brasileiros temos inteira consciência da situação do país e do Amazonas. Diferente dos outros Estados, o Amazonas tem o Polo Industrial de Manaus, que quando o Brasil vai bem, o polo vai muito bem, mas quando o Brasil vai mal, o polo vai pior ainda, porque nós produzimos bens de consumo duráveis, e na hora que você tem o recurso pequeno na sua família, você prefere alimentar seus filhos, fazer seletiva daquilo que são suas prioridades. Você não compra um celular novo, você não compra uma máquina nova, você não compra uma moto nova. Portanto, o Polo Industrial de Manaus teve uma queda de mais de 30% e isso teve um reflexo altamente negativo nas receitas do Estado. E eu tomei a decisão no inicio do ano de priorizar o servidor público. Eu não fiz investimentos neste ano. Se eu tivesse feito investimentos, eu teria que ter cortado salários. Eu tomei a decisão de cortar investimentos em hospitais, escolas, no social, para dar aos servidores a garantia de que não haveria diminuição dos seus salários. Diante desse quadro que todos conhecem, determinados servidores virem com a história de aumento, de greve, etc. O que eu disse foi: isto me dá o direito de começar a imaginar que eu errei, que eu não deveria ter feito isso, e que deveria ter feito os investimentos”, disse Melo.
O governador afirmou, ainda, que é hora de todos terem “calma e ponderação”. Melo afirmou que o ex-governador Omar Aziz, ao lado dele, fez o plano de carreiras e realizou promoções, que elevaram a folha de pagamento. “Nós saímos de 40% do principal imposto nosso, que é o ICMS, com salários e encargos e hoje estamos com 71% do meu principal imposto gasto com salários e encargos. Isso é uma decisão de governo importante para os servidores, e os servidores sabem disso. Aí, uma meia dúzia de pessoas, de servidores públicos, achar que tudo isso não é importante, então, eu como governador, agi daquela forma”, disse, referindo-se à fala do dia anterior, em que afirmou que a cobrança lhe dava o direito de achar que errou ao não reduzir salários.