Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Funcionária da empresa Salvare, Bruna Alfaia Moura disse em depoimento ao TRF1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), em Manaus, na manhã desta quarta-feira, 24, que sacava quantias de dinheiro que chegam até R$ 1 milhão. A ordem de saque era de Priscila Marcolino Coutinho, cunhada e gerente financeira do médico Mouhamad Moustafa, considerado pela Polícia Federal como chefe do esquema de corrupção na saúde pública no Amazonas, descoberto pela operação ‘Maus Caminhos’ em setembro de 2016.
Bruna trabalhou na Salvare de 2012 a 2016. Ela disse que depois de pegar o dinheiro no banco entregava à Priscila. “Eu não sei dizer o motivo do saque de tanto dinheiro e nem o destino ou procedência dos valores. Eu fui contratada e assumi essa responsabilidade de sacar essas quantidades de dinheiro. Geralmente, tinha uma rotina administrativa, mas, ao menos uma vez por mês, tinha que sacar valores de R$ 100 mil a R$ 1 milhão”, disse, ao ser questionada pelo procurador da República Alexandre Jabur.
Conforme Bruna, muitas das vezes era convidada a fazer a contagem do dinheiro. A ex-funcionária da Salvare afirmou que outra pessoa, que ela citou como ‘Alessandro’ (o MPF identificou como Alessandro Viriato Pacheco, sócio de uma das empresas fornecedoras do INC-Instituto Novos Caminhos, responsável por serviços como limpeza e lavanderia), também era responsável de sacar dinheiro e fazer as entregas.
“Ele (Alessandro) levava o dinheiro em uma mochila. Às vezes, ela (Priscila) deixava eu acompanhar a conversa deles e a entrega dos valores, mas, outras vezes, ela pedia para eu me retirar da sala”, disse.
Durante o depoimento, a ex-funcionária da Salvare reafirmou que o médico Mouhamad era o verdadeiro proprietário das empresas Total Saúde, Simea, Salvara e o Instituo Novos Caminhos.
Também na audiência desta quarta-feira, o ex-superintendente regional da CGU-AM (Controladoria Geral da União), Marcelo Borges, disse, em vídeo conferência, que as investigações deram o entendimento sobre os desvios de recursos. Borges afirmou que os órgãos do Estado tentaram desqualificar os trabalhos da CGU, sem sucesso. O processo de investigação do desvio de recursos públicos começou ainda na gestão de Borges na superintendência Controladoria Geral da União no Amazonas.