MANAUS – A Funai (Fundação Nacional do Índio) reconheceu, através de despacho, a delimitação da terra indígena Kaxuyana-Tunayana, com uma superfície aproximada de 2,1 milhões de hectares e perímetro de 1471 quilômetros, localizada entre municípios de Oriximiná e Faro, no Pará, e Nhamundá, no Amazonas, e que abriga 17 aldeias de oito povos indígenas. O Resumo do Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação, elaborado pelo antropólogo Ruben Caixeta de Queiroz, foi publicado nesta terça-feira, 20.
Segundo o documento, a TI engloba os povos indígenas Ka- xuyana, Tunayana, Kahyana, Katuena, Mawayana, Tikiyana, Xereu- Hixkaryana, Xereu-Katuena e Isolados. “Muito provavelmente, tais grupos isolados são remanescentes de grupos da década de 1960, que foram deslocados destas regiões por missionários evangélicos americanos para o sul da Guiana e o sul do Suriname, e por missionários católicos para o norte do Pará (Parque do Tumucumaque)”, constata o estudo.
Os grupos indígenas que lá habitam utilizam áreas de moradia permanente, caça, pesca e coleta no médio rio Nhamundá e nos principais afluentes do médio rio Trombetas. Além dos grupos indígenas isolados, há um total de 17 aldeias.
Na sua longa ocupação da bacia do rio Trombetas, os grupos indígenas ali instalados desenvolveram uma complexa forma de relação com o meio ambiente, manejando seus recursos de forma a garantir os itens necessários à sua sustentabilidade. Os grupos indígenas utilizam fundamentalmente os rios da região (Nhamundá, Mapuera, Cachorro, Trombetas, Turuni, Kuhá, Kaspakuro) como local no qual obtêm seus principais recursos de sobrevivência, aponta o estudo.
“Segundo diversos estudos, a riqueza de espécies de mamíferos varia entre 120 e 195 espécies. Já a fauna de aves alcança uma riqueza que varia entre 244 e 700 espécies. Há, ao menos, 150 espécies de répteis e 61 espécies de anfíbios no local”. Outro detalhe apontado pelo aestudo é que a área já foi intensamente povoada e ocupada pelos indígenas, ao longo da história e quando não havia ali a presença das frentes de expansão da sociedade nacional. A forma de ocupação tradicional dos índios e suas atividades produtivas, mesclando a pequena agricultura de coivara com a caça- pesca e a coleta, foi a grande responsável pela manutenção deste sistema local “homem-natureza” em equilíbrio.