O vereador que preside comissão de sindicância na CMM para investigar o mesmo caso se irritou com o convite
MANAUS – O vereador Mário Frota (PSDB) recebeu um ofício, nesta semana, do delegado George Gomes, que preside o inquérito aberto para apurar a informação de que um grupo de vereadores procurou um empresário do ramo da construção civil para pedir propina em troca de mudança no Plano Diretor da Cidade de Manaus, que está sendo discutido na Câmara Municipal de Manaus (CMM). No documento, o delegado pede que ele marque uma hora para prestar depoimento sobre o caso.
Frota, que preside uma comissão de sindicância instaurada na CMM para apurar se houve a participação de vereadores, não gostou de ser chamado a depor e reclamou ao delegado geral da Polícia Civil, Josué Rocha, que nomeou George Gomes. “Eu liguei ao delegado Josué Rocha dizendo que não tenho que depor neste caso, porque não sou denunciante. Também não fui em quem pediu a investigação, mas o presidente da Câmara, Bosco Saraiva”, disse Frota.
O delegado Josué Rocha disse que o depoimento do parlamentar é apenas um procedimento formal do inquérito. “O delegado começa a investigação ouvindo as pessoas que demandaram a instauração do inquérito”, disse Rocha. Ele informou, ainda, que o delegado Gomes deve apenas ouvir de Mário Frota que ele foi nomeado pelo presidente da CMM para presidir a comissão de sindicância e sobre o trabalho que eles vêm realizando para esclarecer os fatos. O presidente da CMM, Bosco Saraiva, também deve ser ouvido no inquérito, segundo Rocha, por ter formalizado a notícia-crime à Delegacia Geral de polícia.
O caso que resultou na abertura do inquérito e na criação da comissão de sindicância na CMM teve início com a publicação de um artigo em um jornal de Manaus do advogado e presidente do Conselho Municipal de Gestão Estratégica, Felix Valois. Na publicação, ele disse que ouviu de um empresário uma história de que quatro homens vestidos de paletó e gravata o procuraram, identificaram-se como vereador de Manaus e pediram propina em troca da aprovação, no Plano Diretor, da elevação do gabarito dos prédios na cidade dos atuais 18 andares para 25 andares. O empresário recusou a oferta e despachou os homens. No artigo, o autor diz que o empresário não reconheceu os vereadores.
Procurado pela comissão de sindicância, Valois disse que não tinha autorização do empresário para revelar o nome dele nem o colocar em contato com os parlamentares que investigam o caso, mas comprometeu-se a conversar com ele. Dias depois, por telefone, Valois disse a Mário Frota que o empresário fez o seguinte pedido: “Se for possível, me deixa fora disso”. Frota disse que com a recusa do empresário “fica um complicador”. “Batava que ele aceitasse que nós colocássemos as fotos dos 41 vereadores e dissesse se algum deles estava no grupo que o procurou”, disse o parlamentar.