Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – A aprovação do pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na manhã desta terça-feira, 22, na ALE (Assembleia Legislativa do Amazonas) com o apoio de deputados da base aliada insatisfeitos com o governo deixa exposta a fratura que há na relação entre os deputados, que iniciaram esta legislatura apoiando o governo, e o governador José Melo (Pros). Além de exibir da insatisfação, o ato sinaliza que, caso um bombeiro eficiente não seja colocado para apagar o incêndio, José Melo pode ver ampliado em grande escala os problemas administrativos e a imagem do seu governo.
A articulação de nove assinaturas para a CPI pode repercutir na eleição para a presidência da ALE, que será realizada em dezembro. Ou seja, a menos de um mês. Seria desastroso para o Governo Melo que o Poder Legislativo fosse parar nas mãos da oposição ou de um parlamentar simpático ao adversário político dele e do senador Omar Aziz (PSD), o senador Eduardo Braga (PMDB). Neste momento, Omar e Melo estão em fronts diferentes de Braga, com armas apontadas um para o outro. A ALE é mais um campo de batalha e um dos mais importantes.
Não é só a presidência da Assembleia que está em jogo. Com nove assinaturas, e ainda há na base deputados propensos a discordar do governo, a oposição pode causar muito incômodo ao Executivo. A criação de CPIs com duração mínima de 120 dias produz efeitos negativos e diários na imagem de qualquer governo, em função da cobertura diária de vários veículos da imprensa que cobrem a Casa legislativa. Aliás, a pauta do Legislativo não costuma produzir muito assunto polêmico em relação ao governo. A mudança no comportamento de deputados tende a atrair ainda mais o interesse da imprensa.
Se aliaram aos parlamentares com histórico de oposição e aos do PMDB do senador Eduardo Braga, os deputados Bosco Saraiva (PSDB), Sinésio Campos (PT), Cabo Maciel (PR) e Platiny Soares (DEM). As assinaturas deles foram determinante para aprovar a CPI.
Sem diálogo
Na sessão desta terça-feira, o deputado Platiny fez questão de indicar que a criação de CPI foi necessária para abertura de canal de comunicação com o governo do Estado que, segundo ele, não responde aos parlamentares. Segundo depoimentos à Justiça Eleitoral em processo de cassação, testemunhas afirmaram que na campanha o então candidato Platiny diariamente falava com o governador José Melo.