Independente do adversário, o Flamengo apresentou duas novidades:
1- Os estádios do Brasil estão pequenos e não deveriam atender as solicitações da Fifa.
2- Essas arenas dificultarão, e muito, a vida dos nossos adversários na Copa.
Os preços dos ingressos não estão compatíveis com os níveis de rendas do povo brasileiro. Estive no Rio na semana da final da Copa Brasil. Os ingressos, todos esgotados, estavam nas mãos de cambistas e, perto do campo, no meio da arena, os Malazartes pediam R$ 3.500,00. Um abuso? Não sei!
Vi o Maracanã com 150 mil torcedores (Flamengo e Palmeiras) início de Brasileirão, geral lotada, arquibancada apinhada e a Charanga do Jaime a tocar.
Hoje, o Maraca não tem espaço para coisas românticas e o “Zé Povinho” que por lá jogava suas mágoas, deve ficar em casa, na frente da sua TV, fazendo um churrasco coletivo na sua casa do morro, cobrando por um filé miau, e para todos assistirem, na laje, através de uma veloz Gatonet. Este espetacular churrasco foi mostrado pela televisão.
Os nossos estádios, ou arenas, reduziram seus tamanhos, o público do futebol aumentou, o Bom Senso Futebol Clube, formado por jogadores acima dos 30 anos, ricos, pede para jogar a metade dos jogos que existem, querem ganhar o dobro, ameaçam com greve; os clubes não possuem mais o passe dos jogadores, mas dão tudo para que eles existam e fica a pergunta:
Quem vai pagar essa conta?
É claro que é o Bras. O Brasil. É só abrir a televisão na segunda que você já vê jogos da Europa. Não existe fórmula mágica: para ganhar fortunas tem que jogar mais.
Eu não consigo vislumbrar qualquer solução antes da Copa de 2014, mas um aprofundamento da crise em que os clubes estão se metendo, apesar do sucesso dos programas estaduais de sócio-torcedor. O programa do Internacional já alcança 120 mil sócios e o do Flamengo vai alcançá-lo em abril de 2014.
E o Flamengo X Atlético Paranaense? Jogo tenso, muitos passes errados, e uma participação espetacular das torcidas. A do Flamengo, como era esperado, ficou com 90% do estádio; a outra, não era do Atlético Paranaense, era da famosa Torcida Arco-Íris, ou seja, todas as cores contra a rubro-negra. Não tem jeito, deixaram o Flamengo crescer na competição e disputar a final no Maracanã. Os ingredientes foram sendo formados e acabou a competição com o Flamengo, que tinha um elenco sofrível, produzindo jogadores com nível internacional e, alguns, como Paulinho e Elias, com chances de Seleção Brasileira.
A televisão mostrou que a final só teve os cinco minutos finais. E que minutos!
Paulinho inventou um “drible da vaca” e deixou o Elias de frente para um goleiro que já corria para seu lado esquerdo e o chute, todos sentiram, ia ser no seu lado direito e escondido. Golaço!
O segundo e último gol, de Ernanes Brocador, o grande artilheiro do novo Maracanã, encheu o Rio de Janeiro de sorrisos, deboches e alegria.
A final da Copa Brasil foi um grande aperitivo para a Copa de 2014. E se perdermos? Qual será o problema? O Brasil é outro, e dois dias depois já estaremos nos preparando para a Copa do Catar. O que ficará de bom? Os estádios. E as obras? As obras continuarão sendo problemas do povo e dos governos que temos e teremos. A Fifa que vá meter o seu bedelho na sua sede, na Suíça.
Artigos à parte, a Fifa dá show, e tudo graças ao “Grande” João Havelange, que só daremos o seu real valor quando ele for levado para o triplex de cobertura a que tem direito. Antes do Havelange, a Fifa era uma entidade amadora como a CBD, que ele dirigiu e transformou. Foi depois da Copa de 1950, que ninguém aguenta mais esse cho-rô-rô, que o Havelange resolveu assumir as rédeas do futebol brasileiro e poupar-nos de outras tragédias. O seu grupo reuniu e conviveu com os jogadores da seleção por dez dias. Nesta preparação, o dentista Mario Trigo, chamou Havelange e disse:
– João, os nossos atletas só aguentam um tempo e depois é aquele vexame. Eles não têm mais dentes. Só comem boi ralado, picadinho, com banana e farinha. A falta dos dentes detona o consumo das proteínas e eles, com vergonha por serem banguelas, ficam prejudicados e acabam com a performance da equipe. E o Dr. João perguntou:
– O que fazer?
– Dentadura neles, João! Daí para frente o Brasil começou a demolir a Argentina, o Uruguai e a colecionar Taças.
A invenção européia desse novo formato de arenas só serve para uma coisa:
“Arquibaldos e Geraldinos, misturados, esperam de braços abertos a chegada de Neymar, de verde amarelo; e de Ernanes Brocador de rubro-negro, para a comemoração, sem invadir o campo“
Uma beleza de espetáculo!
Roberto Caminha Filho, economista, torce na seguinte ordem: é nacionalino, flamenguista e brasileiro.