Da Redação
MANAUS – Sem previsão de patrocínio do Governo do Estado, a 21ª edição do Festival de Ciranda de Manacapuru (a 85 quilômetros de Manaus) terá sua data adiada pela terceira vez este ano.
A informação é da presidente da Ciranda Flor Matizada, Vanessa Mendonça. Depois de dois adiamentos, a festa estava programada para acontecer este mês, nos dias 20, 21 e 22.
Segundo Vanessa, com a mudança de governo, as cirandas não têm certeza de quando terão acesso ao repasse do governo, e por isso foram obrigadas a adiar o festival mais uma vez.
Vanessa sustenta que se o governador interino, David Almeida (PSD), tivesse cumprido a promessa de fazer o repasse em setembro, a festa não precisaria ser adiada novamente.
“Ele nos prometeu fazer o repasse do recurso, saiu e não fez. Por conta disso, tem todo um trâmite do novo governador, de esperar, então vai atrasar muito, e nós provavelmente mudaremos a data mais uma vez”, declarou Vanessa.
Além da Flor Matizada, disputam o festival as cirandas Guerreiros Mura e Tradicional. De acordo com Vanessa, antes de ser cassado, o ex-governador José Melo (Pros) havia prometido repassar este ano R$ 500 mil para cada agremiação.
Na gestão de David Almeida, o valor caiu para R$ 350, e depois da R$ 200. “Para ser sincero, a gente não sabe nem como que está essa situação de valores, qual é o valor que realmente está orçado para as cirandas”, afirmou a presidente da Flor Matizada.
Vanessa diz que desde o final da década de 1980 o Estado passou a ser o principal patrocinado do festival, e que por isso não é possível nem cobrar a prefeitura da cidade neste momento.
“Quando passou para o Parque do Ingá, em 1988, o Governo do Estado abraçou o festival e nos incluiu na programa de orçamento dele com um recurso anual que nunca havia falhado. A prefeitura sempre deu apoio de logística do local, o Parque do Ingá, Secretaria de Turismo coloca os funcionários para ajudar na organização operacional. Mas, bancar o festival, prefeitura nenhuma nunca bancou”, declarou a dirigente.
As cirandas dizem depender da verba do Estado para pagar despesas já realizadas, entre elas, a mão de obra de artistas. Até o momento, as agremiações vinham produzindo suas alegorias e adereços com material reaproveitado de anos anteriores e recursos próprio, mas, sem o patrocínio do governo, os trabalhos pararam.
Segundo Vanessa, até 2015, não houve falhas no repasse do Estado. Naquele ano, cada ciranda recebeu R$ 600 mil. Em 2016, o festival não recebeu nada, e a festa se resumiu a uma apresentação acanhada, somente com o cordão de cirandeiros. “Foi mais em forma de protesto para não deixar o ano passar em branco. Foi algo bem lamentável, bem precário”, lembrou a presidente.
Tradicionalmente, o Festival de Ciranda de Manacapuru é realizado no último final de semana do mês de agosto. Este ano, por conta do segundo turno da Eleição Suplementar para o Governo do Estado, a festa foi transferida para o final de setembro. Sem o recurso do Estado, o festival foi transferido novamente, desta vez para os dias 20, 21 e 22 de outubro, o que não vai mais ocorrer.
Vanessa informou que os presidente das cirandas continuarão insistindo para que o festival aconteça. O dirigentes esperam a confirmação de uma reunião, na próxima semana, com o novo secretário estadual de Cultura, Denilson Novo.
O ATUAL ligou para Denilson, mas ele não atendeu. O prefeito de Manacapuru, Beto D’Ângelo, e David Almeida, também não atenderam as ligações. A matéria será atualizada caso haja alguma manifestação dos três sobre o assunto.