Por Valmir Lima
Almino Affonso, ex-ministro do governo de João Goulart, e que foi vítima do Regime Militar, deu entrevista nesta quinta-feira à Rádio Tiradentes News, em Manaus, e fez uma espécie de análise do processo eleitoral para presidente da República. A “análise”, no entanto, é uma pedrada na candidatura da presidente Dilma Rousseff, que concorre à reeleição. Leia o que disse o Affonso:
Os economistas dizem que, logo mais, teremos uma crise econômica grave, portanto, precisaríamos de um governo com autoridade muito forte política e de visão econômica. Não sei se a presidente Dilma terá condições de ser essa pessoa. Hoje, no quadro, até onde eu posso perceber pelas pesquisas, tenho praticamente como certo que ela não ganhará no primeiro turno. Ou seja, haverá um segundo turno e não é certo que ela ganhe também no segundo. Há um crescendo nas visões eleitorais já em favor do Aécio. Vou dizer uma coisa que ainda não disse oficialmente em nenhum lugar: acho que, de repente, se ficar claro para o PT que a Dilma não tem chance de ganhar no primeiro turno, o PT retira a candidatura dela e o candidato será o Lula.”
Pois bem: Almino Affonso é amazonense de Humaitá, mas vive em São Paulo. Veio a Manaus para o lançamento de seu mais novo livro “1964, na visão do Ministro do Trabalho de João Goulart”, patrocinado pela Prefeitura de Manaus. Inclusive a divulgação do lançamento do livro foi feita pela Secretaria Municipal de Comunicação. A prefeitura fez a divulgação sob o pretexto de que Almino Affonso é membro do Conselho Municipal de Gestão Estratégica, uma espécie de “cérebro” da administração de Arthur Virgílio Neto (PSDB), que serve mais para acomodar amigos do que para pensar os problemas da cidade.
Esses fatos precisam ser considerados ao se analisar a fala de Affonso. O prefeito Arthur Virgílio Neto é o principal cabo eleitoral do candidato tucano Aécio Neves no Amazonas. Affonso é livre para externar seu pensamento sobre qualquer assunto, mas ninguém pode negar que a “análise” dele tem a intenção de “queimar” a candidatura de Dilma em benefício do candidato daquele que patrocinou a vinda do falante a Manaus.