Da Redação
MANAUS – Em reportagem do Jornal Nacional deste sábado, 29, o ex-presidente do honra do Pros Henrique Pinto disse que o partido vendeu o tempo de TV para a campanha presidencial de Dilma Rousseff e Michel Temer e para candidatos a governador em diversos Estados, entre eles o governador José Melo, que concorreu à reeleição pelo Pros.
De acordo com Henrique Pinto, apesar de Melo ser do partido, o presidente nacional da Sigla, Eurípedes Júnior, cobrou R$ 2 milhões pelo tempo de TV. Melo disputou a reeleição em uma coligação com 16 partidos, o que lhe garantiu maior tempo de TV do que os adversários.
Henrique Pinto disse que o Pros vendeu, em 2014, seu apoio para dar mais tempo de TV a candidatos em São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Amazonas e Mato Grosso. “Na campanha do Paulo Skaf, em SP, na campanha do Anthony Garotinho, no Rio, na campanha do Marconi Perillo, em Goiás, e na campanha do Zé Melo, no Amazonas, apesar do Zé Melo ser do PROS, mas ele exigiu que o Zé Melo desse dois milhões. Na campanha do Delcidio também, em Mato Grosso, dois milhões”, disse.
Ele mostrou depósitos feitos em 29 de setembro de 2014, a poucos dias da eleição. Depósitos, segundo ele, de parte deste dinheiro que bancou a compra de apoio do Pros.
O ex-presidente de honra do Pros afirmou ter ouvido do presidente do atual presidente que poderia ter cobrado mais pelo apoio. “Mas Júnior, é muito dinheiro isso aí, é muito dinheiro, nós nunca vimos esse tanto de dinheiro junto. Ele disse: ‘Henrique esse nosso tempo de televisão presidencial vale 50 milhões, eu estou sendo bonzinho ainda.’”.
O ex-dirigente disse que assume a responsabilidade pelo que disse: “Eu assumo cível e criminalmente o que estou dizendo aqui, em qualquer instância, em qualquer esfera, seja na policial, seja na instância do Judiciário. Eu assumo cível e criminalmente o que estou declarando”, afirmou Henrique Pinto.
Delator da Lava Jato
O esquema de compra e venda de tempo de TV do Pros já havia aparecido em delação do ex-diretor da Odebrecht Alexandrino Alencar, quando relatou a negociação ocorrida na campanha de Dilma e Temer. “Nesse caso, para o Pros, sim. A última entrega de 500 mil reais eu entreguei na minha sala ao então deputado federal Salvador Zimbaldi, que era um deputado do Pros. Aliás, pelo que eu soube ele não foi reeleito. Foi entregue que eu fiz, 500 mil em espécie” , disse o delator.
Questionado se o pagamento foi acertado com o presidente Eurípedes Júnior, Alencar respondeu: “Eurípedes… Mas devia estar faltando aí, não sei exatamente, 500 mil reais, aí, falou 500 mil reais vai o deputado vai na sua sala buscar isso aí”, relatou o ex-diretor da Odebrecht.
Todos negam
Ao Jornal Nacional tanto José Melo quanto o partido negaram a participação na compra e venda de tempo de TV em 2014. “José Melo, atual governador do Amazonas pelo Pros, repudiou as acusações. Ele disse que são uma tentativa covarde de associar o seu nome a esquemas ilícitos”.
O Pros negou as acusações e disse que o presidente do partido, Eurípedes Júnior, nunca pediu a Salvador Zimbaldi para recolher doações eleitorais. O Pros disse ainda que identificou comportamento irregular dos delatores (o ex-presidente de honra e o ex-tesoureiro Niomar Calazans) enquanto eles eram do partido e os expulsou.
Eurípedes júnior negou com veemência as acusações.