Por Rosiene Carvalho e Valmir Lima, da Redação
MANAUS – “O único nome desse grupo capaz de enfrentar com igualdade de condições e de vencer o outro grupo: sou eu”. A declaração foi dada pelo pré-candidato ao Governo do Amazonas, na eleição suplementar marcada para o dia 6 de agosto, Marcelo Ramos (PR) em entrevista ao ATUAL. Marcelo afirma ser o nome que reúne as melhores condições de voto e conjunturais do momento político do País para representar o grupo que se aliou em torno do nome dele nas Eleições de 2016, quando disputou a Prefeitura de Manaus e perdeu a eleição para Arthur Virgílio Neto. Na consulta às urnas, há sete meses, Marcelo recebeu 457.809 votos.
Marcelo argumenta que as pesquisas, destacando que são as contratadas pelos adversários, mostram sua viabilidade nas urnas indicando empate técnico nas simulações que isolam o nome dele e do senador Eduardo Braga (PMDB) e nas que avaliam Amazonino Mendes (PDT) e ele. Na avaliação que Marcelo faz das pesquisas, o empate técnico com os dois ex-governadores ocorre até mesmo nas pesquisas que dizem ter aferido os eleitores do interior do Estado, onde ele reconhece ser menos conhecido.
Na entrevista, Marcelo afirma que trava uma “boa luta diária” para evitar que o grupo político dele decida colocar dois iguais para concorrer e manter o status quo na política que, para ele, é contrário do anseio do Amazonas e do momento político do País.
“Há um movimento para que a eleição seja polarizada. Quem faz esse movimento? Quem acha que as coisas tem que continuar como estão ou como estavam no passado. Eu acredito sinceramente que a gente tem que ouvir as vozes das ruas. As vozes das ruas clamam por uma nova conduta, uma nova forma de enxergar a coisa pública. É como eu penso. Se essa opinião vai prevalecer no grupo, isso é uma luta, no bom sentido, diária”, revela.
O pré-candidato admite que tem mantido conversas com todas as lideranças do grupo político dele e também com Eduardo Braga e em vários trechos cita a necessidade de nomes novos em função da repercussão da Operação Lava Jato. Para ele, políticos do grupo que o apoia e do grupo adversário deveriam recuar e dar espaço para nomes capazes de fazer a transição necessária ao País.
“Quem está na Lava Jato e corre o risco de ser condenado e ser preso na Lava Jato não pode submeter o Amazonas a isso porque o Amazonas acabou de ter um governador cassado. Imagina a gente eleger um governador e ter que trocar de novo (…) . O Amazonas não merece mais um período de instabilidade”, defende.
Marcelo se disse grato ao presidente de seu partido Alfredo Nascimento (PR) por permitir que ele tente viabilizar sua candidatura. Marcelo fez, ainda, críticas à gestão José Melo (Pros), cujo o efeito negativo da administração teve que carregar na campanha passada, e elogios à condução “dinâmica” que o deputado David Almeida (PSD) tem dado ao governo interino.
“Você desligou a chave de um político forjado naquela forma tradicional, lenta, paquidérmica para um político mais moderno, mais ágil. Está na cara a diferença”, comparou.
Confira os trechos mais importantes da entrevista abaixo ou no vídeo acima da TV ATUAL:
Valmir Lima: O PR definiu que apoiaria uma candidatura de Marcelo Ramos, mas ainda dependeria composições e acertos com outros partidos. Como está a composição hoje?
Marcelo Ramos (MR): Primeiro, Valmir, essa regra não é uma regra só para o PR. A candidatura pressupõe um conjunto de forças políticas que garantam um tempo de TV e capilaridade principalmente numa eleição estadual. (…)Temos dialogado com uma série de partidos. Não é fácil a construção disso porque este campo político que me apoiou para a prefeitura tem como tradição ganhar antes da eleição começar. Como? Colocando dois iguais para concorrer. Então, há uma mobilização no sentido de que a eleição se polarize entre dois iguais. Estamos insistindo que o momento exige algo novo, algo diferente. E de que é hora destes políticos mais tradicionais entenderem que podem dar uma contribuição para o Estado, aconselhando, orientando. Mas que o Estado, o País exige um início de um processo de transição para novas lideranças, novas práticas, novo jeito de ver a administração e ver o mundo.
“Há uma mobilização no sentido de que a eleição se polarize entre dois iguais”.
Valmir Lima: Em 2016, foi batido naquela eleição que você estava aliado a um grupo da velha política: Melo, Omar, Alfredo Nascimento e que ali não haveria mudança. Foi batido na tecla que aquele grupo que estava no comando do Estado, com denúncias de corrupção, seria um risco. Como você se prepara agora para uma nova campanha dialogando com este mesmo grupo?
MR: Eu acho que tem uma diferença prática entre o atual prefeito e o grupo que se reuniu em torno dele para ganhar a eleição e eu. Eu não tenho meu nome envolvido em escândalo de corrupção. E ponto. Se tiver, que alguém apresente.
Rosiene Carvalho: Como o senhor explica o fato de ter o nome isento de envolvimento de escândalo de corrupção, ser um candidato com densidade de votos, segundo as pesquisas eleitorais recentes, com chance de sair vitorioso nessa eleição suplementar e o seu grupo político não lhe aceitar como cabeça de chapa?
MR: Na verdade, a gente tem que perguntar quem que não me aceita como cabeça de chapa.
Rosiene Carvalho: Quem lhe aceita como cabeça de chapa?
MR: Existe uma parte do grupo que aceita como cabeça de chapa e existem outros que legitimamente querem ser candidatos.O deputado David Almeida é governador e é absolutamente legítimo que ele queira ser candidato. Agora, é óbvio que há um movimento também, que não é contra o Marcelo, mas que é pela tentativa da manutenção do status quo como sempre foi. Qual a forma mais fácil de manter as coisas como sempre foram? Se a gente olhar de 82 para cá, em 82 foi o Gilberto e Josué; depois Amazonino e Gilberto, Eduardo e Amazonino, Alfredo e Omar, Amazonino e Eduardo. Ou seja, a eleição termina antes de começar. Há um movimento para que a eleição seja polarizada. Quem faz esse movimento? Quem acha que as coisas tem que continuar como estão ou como estavam no passado. Eu acredito sinceramente que a gente tem que ouvir as vozes das ruas. As vozes das ruas clamam por uma nova conduta, uma nova forma de enxergar a coisa pública. É como eu penso. Se essa opinião vai prevalecer no grupo, isso é uma luta, no bom sentido, diária.
Rosiene Carvalho: Quem são essas lideranças que o senhor diz que querem Marcelo Ramos como cabeça de chapa e pensam como senhor?
MR: Não dá para a gente abrir. Não dá para eu dizer “é esse aqui” para que as pressões surjam. O que eu quero dizer é que hoje eu sinto que reúno condições entre os outros quadros do grupo para me apresentar como alternativa viável de vitória eleitoral que represente esse novo tempo que o País está vivendo, passado a limpo pela Lava Jato.
“Vai me parecendo que as soluções que se apresentam não conseguem reunir”
Valmir Lima: Quais são os outros quadros do grupo?
MR: O deputado federal Silas Câmara (PRB), que me apoiou no segundo turno, tem se apresentado como candidato. O Serafim, me apoiou, e o PSB tem apresentado candidato. David Almeida se propõe como candidato. Ainda entendo que o esforço deveria ser o de reunir todo aquele grupo que caminhou junto no segundo turno. Vai me parecendo que as soluções que se apresentam não conseguem reunir.
Rosiene Carvalho: O senhor não acha que corre o risco de virar o Marcos Rotta desta eleição? Porque Marcos Rotta (PMDB), em 2016, aparecia bem nas primeiras pesquisas, construía sua candidatura e, na véspera, foi surpreendido pela aliança PMDB e PSDB e acabou como vice.
MR: Eu acho que são cenários diferentes. Na eleição que o Marcos Rotta virou vice, ele era o segundo, empate técnico comigo que era o terceiro, e virou vice do primeiro. O que não vão conseguir me convencer é que eu tenho que ser vice de alguém que tem menor potencial eleitoral que eu. Em todas as pesquisas, o único nome desse grupo capaz de enfrentar com igualdade de condições e de vencer que representa o outro grupo: sou eu.
Valmir Lima: A gente já leu em sites aqui em Manaus, que o senhor poderia ser candidato a vice de Eduardo Braga (PMDB). Ai seria um de menor potencial com um de potencial maior, de acordo com as pesquisas. Existe esta possibilidade?
MR: (risos) Olha lá, eu não vejo nenhum argumento para eu ser vice por um motivo simples: quando simula o segundo turno, eu estou na frente dele. A única pesquisa que eu não estou na frente dele no segundo turno é a feita pela Action, que é um instituto contratado por ele, que dá empate técnico.
Valmir Lima: Agora, esse diálogo chegou a ser feito com o PMDB?
MR: Eu não faço conversa escondida, Valmir. Eu tive uma conversa com o senador Eduardo Braga que conversou comigo sobre cenário político, o que ele pensa para o futuro. E eu ouvi legitimamente.Como o senador Omar Aziz (PSD) conversa com o prefeito Arthur Neto (PSDB), como o prefeito Arthur conversa com o senador Eduardo Braga. Todo mundo está conversando com todo mundo e a conversa é um elemento essencial da política. Também conversei com o deputado Serafim, Silas Câmara e Átila Lins (PSD).
“A única pesquisa que tem no interior, o Amazonino tem 17 e eu tenho 12. Isso é empate técnico”.
Rosiene Carvalho: As pesquisas estão sendo feitas de forma muito mais concentrada em Manaus, onde o senhor é mais conhecido. As pesquisas mais na frente e as próprias urnas vão conferir os votos no interior, que têm feito toda a diferença no resultado das eleições para Governo do Estado. Neste contexto, entra o nome de Amazonino Mendes (PDT), cogitado no meio político. O senhor aceitaria ser vice de Amazonino?
MR: A única pesquisa que tem no interior, o Amazonino tem 17 e eu tenho 12. Isso é empate técnico.
Rosiene Carvalho: Esses resultados ainda não chegaram na dimensão que é o interior do Estado.
MR: Elas (pesquisas) chegaram onde chegam todas que é Manaus e mais nove municípios que concentram 80% dos votos. É onde todas as pesquisas vão chegar. Até porque ninguém vai fazer pesquisa em São Gabriel da Cachoeira porque a maior parte da população não está na sede e você não consegue nem pesquisar.
Rosiene Carvalho: Tem as pesquisas não publicadas.
MR: Eu não sei. Eu não tenho as não publicadas. Eu só sei as publicadas, até porque eu não tenho nenhuma. Então, os números que existem hoje no interior, o ex-governador Amazonino disputa todos os votos do interior. Porque todo mundo do interior conhece ele. Eu disputo os votos das poucas pessoas que me conhecem, ele tem 17 e eu tenho 12. Isso é empate técnico e chega na capital, eu tenho um percentual muito acima dele.
“Não encontro elementos nenhum, nem políticos, nem de pesquisa e nem conjunturais, que justifiquem eu ser vice”.
Rosiene Carvalho: O senhor não aceitaria ser vice de Amazonino?
MR: Não é que eu não aceito ser vice de Amazonino ou ser vice de Eduardo. Acho até que isso é meio deselegante. Não encontro elementos nenhum, nem políticos, nem de pesquisa e nem conjunturais, que justifiquem eu ser vice. O Marcelo do passado falaria: “eu não quero ser vice dele”. Mas hoje reconheço grandeza e valores de quem errou no passado. Tenho até gratidão ao ex-governador Amazonino Mendes, porque na minha eleição ele jogou para trás todo o nosso histórico de conflitos e foi para a rua pedir votos para mim. Definição de candidatura segue critérios bem objetivos: quem tem potencial de votos e de agregar aliados.
Valmir Lima: Exato. Essa questão de agregar número maior de aliados me parece fundamental nesta eleição curta em que os candidatos não vão ter muito tempo de viajar e vai contar muito o tempo de TV de cada candidato. Isso que você está buscando nestas alianças, um tempo de TV maior?
MR: Não só um tempo de TV maior e essa inserção no interior do Estado. A inserção vai se dar muito menos pela presença física e muito mais pela relação com lideranças do interior. Apesar de que eu tenho feito um esforço grande. Anteontem, fui em Presidente Figueiredo, fiz uma grande reunião, ontem fiz uma grande reunião em Manacapuru. Amanhã estarei Itacoatiara, segunda-feira estarei em Novo Airão e Iranduba. Quarta-feira, em Tefé e Coari. Quinta em Tabatinga e Benjamin. Depois tem marcado Careiro Castanho e Manaquiri.
Rosiene Carvalho: Com quem o senhor tem se reunido. Só com os políticos do PR?
MR: As reuniões são os encontros municipais do PR, mas como os encontros não são fechados, como não foi o que realizamos aqui na ALE, a gente até tem se surpreendido. Lá em Figueiredo o amigo que organizou disse que estava preocupado porque era dia de semana e quando cheguei lá a Câmara estava superlotada. Esse processo de cassação do governador antecipou o renovar das nossas esperanças. As pessoas estão tateando para encontrar alguém que represente estes anseios de algo novo e algo diferente. Foram lá para me ouvir, sem ônibu, sem água, sem nada. Imagine o que é isso: quem reúne dez pessoas hoje para ser ouvido?
Valmir Lima: Esse esforço que se faz para agregar partidos, tem um custo né Marcelo? A gente tem percebido, o que tem se criticado muito pelo Brasil inteiro em função dessas denúncias de corrupção, desse modelo de que se precisa desse apoio para governar. E ninguém dá apoio gratuitamente para um candidato. Dá apoio pensando no futuro, nos cargos, na acomodação de gente do partido no Governo . Como você lida com isso?
MR: Essa eleição tem uma característica diferenciada. É um mandato de 500 dias. Ele pode ser candidato à reeleição, mas pode ganhar ou perder. Esse 500 dias vão preparar o Estado para uma retomada de desenvolvimento econômico e reorganização da máquina pública do Estado. Também vai preparar as forças políticas do Estado para 2018, onde não estará em disputa só o cargo de governador, serão os cargos de senador, deputado estadual e federal. Eu penso que nesta eleição tem muito mais um rearranjo para as pessoas procurarem esse novo caminho de se viabilizar efetivamente para 2018, do que um fatiar de governos. Até porque a Lava Jato tem demonstrado que isso não cabe mais. Precisamos governar com os melhores quadros técnicos. Temos que ter a capacidade de atrair, quem é de fora da política.
“O sentimento do Amazonas seria de muita frustração se só nos sobrássemos fazer escolhas entre dois nomes destes que já governaram tantas vezes o nosso Estado”.
Rosiene Carvalho: Há uma liderança posta no seu partido que é o deputado federal Alfredo Nascimento. Em 2018, ele vai concorrer à reeleição de deputado federal, disputa que exige uma aliança forte para vitória. Essa necessidade dele não entra em conflito com suas ideias para esta eleição?
MR: Do ponto de vista da minha trajetória política, poucas vezes encontrei uma relação de lealdade e de cumprimento de acordos como encontrei no deputado Alfredo Nascimento. Ele me dá o direito de procurar me viabilizar. Com todo valor que tem os quadros da política tradicional do Amazonas, tenho certeza que o sentimento do Amazonas seria de muita frustração se só nos sobrássemos fazer escolhas entre dois nomes destes que já governaram tantas vezes o nosso Estado. O Amazonas quer ter a chance de escolher algo diferente, não só para marcar posição, mas diferente para ganhar eleição.
Rosiene Carvalho: Quando falou de economia o senhor criticou algumas ações do Governo Melo, o próprio Governo interino tem tomada decisões e posturas contrárias ao que José Melo adotava na administração. O grupo já estava insatisfeito com a administração Melo?
MR: Existe uma série de medidas tomadas pelo governador anterior que, inclusive, muitas delas refletiram na minha campanha para prefeito. Aquele aumento da alíquota de ICMS foi um erro num momento de crise. Outra coisa foi quebrar o elo de confiança com o servidor público, prometer algumas coisas e não cumprir gera uma instabilidade no serviço público que quem sofre é o cidadão. Chamar coletiva para anunciar o fim de unidades de saúde e não fechar. Agora, todo governador tem acertos e erros.
Rosiene Carvalho: Houve uma mudança grande na forma de administrar entre o Governo Melo e o Governo interino de David Almeida. Melo vinha de um discurso e formas de contenção de despesa na administração e David em pouco tempo apresentou plano estratégico para a Saúde, por exemplo, em que há previsão de aditivos em contratos. Essa medida é realmente necessária ou ela é preocupante para um governo que vai durar tão pouco tempo?
MR: Primeiro acho que tem duas causas para essa percepção de sentimento de mudança. A primeira causa é que o Estado apertou muito o cinto nos anos anteriores com base na tradição que é feita no Governo do Estado: apertar o cinto em anos não eleitorais para afroxar nos anos eleitorais. É assim que o Estado e a prefeitura de Manaus são governados desde 1982 quando a minha memória tem registro. O segundo é um efeito mesmo de velocidade. Você desligou a chave de um político forjado naquela forma tradicional, lenta, paquidérmica para um político mais moderno, mais ágil. Está na cara a diferença. Mais ágil, mais energia
“Vejo consciência nas pessoas do nosso grupo que, quem está envolvido nisso precisa recuar um pouco para se explicar, se defender. Essa eu acho que devia ser conduta de todos. Eu não tenho compromisso com o erro de ninguém”.
Rosiene Carvalho: Há mensagens enviadas durante a entrevista de pessoas questionando a sua aliança com pessoas que também estão sendo investigadas na Lava Jato, muito citada pelo senhor, que coloca entre as condições para uma candidatura não ter o nome envolvido nesses escândalos de corrupção …
MR: Antes de começar a entrevista, o Valmir contou uma história que acho que responde isso. De um site que publicou que a Emily do BBB escondia que irmã já foi presa. Crimes e desvios de conduta não se transferem para outras pessoas, quem está em julgamento sou eu. Eu tenho uma vida pública correta. Quem tem qualquer denúncia na Lava Jato tem que responder e vai responder. Por isso, eu acho e vejo consciência nas pessoas do nosso grupo que, quem está envolvido nisso precisa recuar um pouco para se explicar, se defender. Essa eu acho que devia ser conduta de todos. Eu não tenho compromisso com o erro de ninguém. Agora, não dá para querer transferir.
Rosiene Carvalho: Concordo com o senhor que, em teoria, não se transfere, mas na prática o senhor carregou este peso na campanha passada.
MR: Eu acho que a campanha passada é campanha passada.
Rosiene Carvalho: Ela deve ter servido para o senhor de aprendizado em alguma medida. O senhor acha que essa estratégia vale à pena: atacar na Lava Jato, se possivelmente o senhor pode ter no seu palanque pessoas investigadas pela mesma operação?
MR: Mas eu não ataquei ninguém da Lava Jato.
Rosiene Carvalho: O senhor nesta entrevista e em outras que vem dando assume um discurso defendendo necessidade de renovação e de que nomes que estão sendo investigados pela Lava Jato fiquem de fora pelo risco de que uma operação atinja estes candidatos até mesmo durante a campanha.
MR: Então, pronto. Não tem nenhum risco desse comigo.
“Mas quem está na Lava Jato e corre o risco de ser condenado e ser preso na Lava Jato não pode submeter o Amazonas a isso porque o Amazonas acabou de ter um governador cassado. Imagina a gente eleger um governador e ter que trocar de novo”.
Rosiene Carvalho: Então, essa estratégia é correta deste ponto de vista? Nesta entrevista, o senhor foi questionado várias vezes sobre aliança com pessoas na condição do que o senhor critica.
MR: É absolutamente natural que os entusiastas de quem está vinculado a Lava Jato tentem usar estes argumentos. É do processo político. Mas quem está na Lava Jato e corre o risco de ser condenado e ser preso na Lava Jato não pode submeter o Amazonas a isso porque o Amazonas acabou de ter um governador cassado. Imagina a gente eleger um governador e ter que trocar de novo. Se alguém do meu grupo, envolvido na Lava Jato, fosse candidato a governador, eu faria o mesmo alerta: não dá. O Amazonas não merece mais um período de instabilidade. Imagina a gente ter quatro governadores no período de um ano e meio.