Contam que um empresário gringo metido a aventureiro estava passando férias em algum pedaço de paraíso da Amazônia. Lá, enquanto tentava se misturar com os ‘nativos’, viu chegar um pequeno barco de motor rabeta com um homem a bordo. Dentro da embarcação, ele achou ter vistos gigantescas tartarugas, mas depois percebeu que eram peixes amazônicos.
O executivo cumprimentou o pescador pela visível qualidade dos peixes e perguntou quanto tempo o homem havia levado para obter aquele resultado. O pescador respondeu: “Acho que foi uma hora, meu patrão!”
Pasmado, o empresário questionou o caboclo da razão dele não continuar pescando. “Por que faria isto, doutor? Eu não preciso pescar mais peixes para sustentar a mim e a minha família”, frisou.
Ainda revoltado, o empresário indagou o pescador sobre o que ele fazia no resto do tempo. “Brinco com meus filhos, tiro uma soneca com a minha mulher e depois visito uns amigos, quando a gente conversa, conta piadas, bebe e eu toco violão”, relatou.
Enquanto o pescador falava, o executivo nem prestava atenção à resposta, pois não conseguia conceber a ideia de existir alguém no mundo que conseguia trabalhar apenas UMA hora. Já ele, “ralava” por, no mínimo, umas 14 horas diárias.
O empresário, então, percebeu que o caboclo parou de mexer a boca e aproveitou para tirar um cartão de visitas do bolso e lhe oferecer alguns conselhos.
“Sou um especialista em gestão e poderia ajudá-lo. Pelo que vejo, você deveria pescar por mais tempo em cada dia e de acordo com o produto da sua pesca, você rapidamente poderia comprar um barco maior. Depois de algum tempo venderia esse grande barco e compraria vários barcos e até eventualmente, teria a sua própria frota pesqueira. Certamente precisaria contratar uma equipe de pescadores, mas não se preocupe, pois eu poderia ajudar a recrutá-los”, explicou o gringo.
Durante sua fala, o executivo desenhava diagramas. E continuou: “Em alguns anos, ao invés de vender para um intermediário, você poderia vender diretamente para as fábricas ou, quem sabe, ter a sua própria fábrica para industrializar os peixes. Desse modo você controlaria o produto, o processamento e a distribuição. Lógico que você precisaria se mudar desse vilarejo para uma cidade maior. Daí, provavelmente você teria que se mudar para um centro mais dinâmico, uma metrópole, com acesso a grandes mercados no mundo, onde poderia controlar o sucesso de seus negócios e expandi-los ainda mais”.
O executivo notou que o caboclo queria dizer alguma coisa, achou que era agradecimento pelos seus sábios conselhos, entretanto, o pescador observou: “Meu grandão, quanto tempo isso levaria?”
O executivo sacou sua calculadora e replicou: “Acredito que alguma coisa entre 15 a 20 anos”. “E o que vai acontecer então, senhor?” Perguntou o pescador.
O executivo riu e disse: “Essa é a parte mais inteligente desse plano. No momento certo, eu lhe avisarei e você abrirá o capital da empresa colocando as ações na bolsa de valores, vendendo-as para o público e tornando-se muito rico. Poderá ganhar centenas de milhões”.
“Centenas de milhões, doutor? E o que eu vou fazer com tanto dinheiro?”, questionou.
O gringo salientou: “Bem, você poderá se aposentar como um homem muito rico, e escolher a vida que deseja para você e a sua família. Por exemplo, poderá se mudar para um lugar tranquilo, e fazer tudo aquilo que gosta. O que você gosta de fazer mesmo?”
O caboclo respondeu: “Gosto de pescar, brincar com meus filhos, tirar uma soneca com a minha mulher, e conversar e tocar violão com os meus amigos”.
O gringo completou: “Pois é. Você poderia aproveitar a vida fazendo tudo isso que disse”. Foi quando o caboclo amazônico retrucou: “Mas, maninho, o que você acha que estou fazendo? Para quê tanta pavulagem se eu vou ficar exatamente como estou?!”
Uma esperteza de Caboclo bem diferente dessa história ocorreu, na semana passada, dia 17, na entidade que comanda o futebol nacional. Numa eleição “para cubano ver”, o candidato único Rogério Caboclo, 45, foi eleito o 20º presidente da história da CBF e seu mandato vai durar de abril de 2019 a abril de 2023.
Rogério Caboclo foi eleito por ser o escolhido pelo atual presidente: Marco Polo Del Nero, envolvido no escândalo de corrupção conhecido ‘Caso Fifa’, e que não sai do Brasil com medo de ser preso. Destino vivenciado pelos antecessores no cargo, José Maria Marin e Ricardo Teixeira.
Em seu discurso, Caboclo abordou conceitos bonitos e necessários como compliance, integridade e combate à corrupção. Tem muito caboco por aí e por aqui, porém, desconfiando que se trata apenas de muita pabulagem para tudo ficar exatamente como está!
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